segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

BENTO XVI E O FUNDADOR DOS “LEGIONÁRIOS DE CRISTO”

BENTO XVI E O FUNDADOR DOS “LEGIONÁRIOS DE CRISTO

ENTREVISTADOR (PETER SEEWALD):
A descoberta da vida dupla do fundador da Congregação dos “Legionários de Cristo”, Marcial Maciel Degollado, também abalou a Igreja.
Há anos que pairavam no ar acusações de abusos contra Maciel, falecido nos EUA em 2008. A companheira de Maciel disse ser mãe de dois filhos dele. No México, fazem-se ouvir vozes que dizem que as desculpas públicas dos “Legionários de Cristo” não bastam e que a Congregação devia ser desfeita.

ENTREVISTADO (PAPA BENTO XVI):
Infelizmente, só muito lentamente e, com atraso, chegámos a estes assuntos. Estavam, de certo modo, muito bem dissimulados. Só tivemos bases concretas a partir do ano 2000.
Afinal de contas, foram precisos testemunhos inequívocos para se ter, de facto, a certeza de que as acusações tinham fundamento.
Para mim, Marcial Maciel continua a ser uma figura misteriosa. Por um lado, uma vida que, como sabemos, está para além do que é moral: uma vida aventureira, desperdiçada, deformada. Por outro lado, temos a dinâmica e a força com que criou a comunidade dos “Legionários de Cristo”.
Ordenámos, entretanto, uma visita apostólica e nomeámos um delegado pontifício que, com um grupo de colaboradores, está a preparar as reformas necessárias. Há naturalmente que fazer correcções, mas a comunidade, no seu todo, está bem. Há nela muitos jovens que querem servir a fé com entusiasmo.
Não podemos destruir esse entusiasmo [Nota: quer dizer, não posso dissolver os “Legionários de Cristo”]. Afinal, muitos foram chamados para o Verdadeiro, mas por uma figura errada. É isso que causa estranheza, a contradição, o facto, digamos, de um falso profeta poder, contudo, ter um efeito positivo.
Há que dar nova coragem a esses muitos jovens. É necessária uma estrutura nova para que não caiam no vazio e possam, bem conduzidos, continuar a servir a Igreja e as pessoas.  (BENTO XVI, Luz do mundo. O Papa, a Igreja e os sinais dos tempos. Uma conversa com Peter Seewald, 1.ª ed., ed. Lucerna, Parede 2010, pgs. 46-47).

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