quarta-feira, 30 de outubro de 2013

O PODER JUDICIAL SERVO DO PODER ECONÓMICO

O PODER JUDICIAL SERVO DO PODER ECONÓMICO

O Presidente da República de Angola, um regime profundamente corrupto, usou o seu poder económico para fazer chantagem a Portugal, que hoje vive de mão estendida devido a incompetência e a corrupção de três culpados que continuam impunes: políticos, banqueiros e empresários-políticos.

O arquivamento do processo contra os governantes corruptos de Angola é a prova demonstrada como hoje o poder judicial está completamente subjugado ao poder económico.
Uma Politica, Uma Economia e um Direito sem Deus, geraram políticos, empresários e magistrados e advogados amorais.

Devido a cegueira espiritual todos eles estão convencidos de que escaparão a última instância judicial, a Divina, porque não querem acreditar que exista. Estes são os “ricos” do Evangelho de Lucas, 16, que o destino será o Hades. Os “Lazaros” de hoje são usados até a mais extrema injustiça politica, económica e judicial, mas o destino será o seio de Abraão. Os primeiros terão a glória efémera e passageira, os segundos terão eternamente.

É o tempo que produzirá a maior destruição jamais ocorrida na Humanidade e no mundo.

sábado, 26 de outubro de 2013

Necessitamos de um Novo Movimento Litúrgico

Entrevista dado pelo Cardeal Cañizares ao jornal católico alemão Die Tagespost, por ocasião do 3º aniversário do motu proprio Summorum Pontificum.
Três anos após a publicação do Motu Proprio Summorum Pontificum, o Prefeito da Congregação Romana para o Culto Divino faz o balanço geral.
Por Regina Einig

Eminência, o Papa, na carta aos bispos do mundo, falou, no que diz respeito às primeiras conversas antes do Motu Proprio Summorum Pontificum, de alegre aceitação ou de declarada oposição. O clima mudou desde então?
O clima permaneceu essencialmente o mesmo. mas eu acredito que um movimento está a caminho. Entende-se bem melhor agora sobre o que era o Motu Proprio. A compreensão da liturgia na tradição da Igreja cresceu. O mesmo é verdade para a hermenêutica da continuidade. Tudo isto beneficiará não somente a aceitação e implementação do motu proprio, mas também enriquecerá a renovação litúrgica e a porá em prática - no sentido de que o espírito da liturgia está vivo novamente.

Na França, dois seminários diocesanos formam os seminaristas nas duas formas do Rito Romano. O que pensa deste modelo?
Há apenas uma liturgia. Consequentemente as duas formas da celebração do rito romano cabem bem na mesma formação, precisamente porque são uma e a mesma liturgia. É importante notar que a Igreja, por causa da hermenêutica da continuidade, não congela o Missal de João XXIII, mas também não rompeu com ele. A tradição da Igreja também está integrada no desenrolar do Concílio Vaticano Segundo. Portanto, a educação litúrgica para todos deverá estar na linha da Sacrosacntum Concilium. Dadas as riquezas do Rito Romano na sua inteira tradição - o que inclui o Missal de João XXIII e a reforma litúrgica pós-conciliar - ambos não podem ser postos um contra o outro. Eles são expressões da mesma riqueza litúrgica.

O senhor compartilha da visão do Bispo de Toulon, que considera ideal formar os seminaristas nas duas formas?
O Bispo de Toulon, um homem excelente, deseja visualizar a inteira tradição da Igreja à luz da hermenêutica da continuidade. E desde que a Sacrosanctum Concilium é válida, ele implementa esta formação, única na forma, na qual a celebração é ensinada em ambas as formas do Rito Romano. Os bons frutos em Toulon são evidentes.

Que elementos da forma extraordinária podem também ser integrados na forma ordinária do rito?
O senso de mistério e de sagrado, e sobretudo o senso do significado do Reino de Deus. Trata-se da grandeza de Deus e do mistério de Deus. O homem realmente é sempre indigno de partilhar do dom divino da liturgia. Precisamos novamente reconhecer o direito de Deus, o "ius divinum", o quanto antes melhor. Hoje em dia a liturgia normalmente aparece como algo a que o homem tem direito e no qual ele age. Isto reflecte a secularização de nossa sociedade, enquanto outros aspectos vão sumindo em meio a isso. Isso tem levado a reforma do Concílio Vaticano II a não descobrir sua riqueza e grandeza como esperado.

O que o senhor recomenda aos sacerdotes? Por onde deveriam começar?
Os padres deveriam preparar-se para a Missa como na forma extraordinária. O mesmo vale para o rito penitencial e a consciência de que somos essencialmente indignos da celebração, mas colocando nossa confiança na misericórdia e no perdão de Deus e assim aproximarmo-nos da presença de Deus na celebração. Um tesouro que nós não devemos esquecer é o ofertório como descrito nos textos das orações [na forma extraordinária], que expressam uma atitude profunda. Deveríamos interiorizá-la.

Na sua carta aos bispos o Santo Padre sublinhou que o seu objectivo com o motu proprio é a reconciliação interna da Igreja. O que o senhor pensa sobre o debate das ordenações ilícitas da Fraternidade São Pio X?
As ordenações são um elemento incisivo num momento de graves decisões. Teria sido desejável adiar as ordenações, porque se um dia há uma oportunidade real para uma abertura e uma possibilidade de acordo, esta oportunidade pode ser dificultada pelo fato de as ordenações [terem sido realizadas].

Em relação ao Dia Mundial da Juventude em Madri, em 2011: o que o senhor recomenda aos jovens têm curiosidades acerca da Missa antiga?
Os jovens devem ser educados no espírito da liturgia. Seria um equívoco comprometê-los com uma ou outra forma de um jeito polémico. Eles precisam ser introduzidos à adoração e ao espírito do mistério. Louvor e acção de graças deveriam ser ensinados a eles - e tudo mais que constituiu a celebração litúrgica da Igreja ao longo das gerações. Hoje os jovens precisam sobretudo de educação litúrgica, não importando a forma que defendam particularmente. Esta é a grande mudança para o futuro próximo, também para a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Hoje precisamos de um novo movimento litúrgico, como houve nos séc. XIX e XX. E isto não é sobre uma ou outra forma, mas sobre a liturgia como ela é.

E como pode este novo movimento litúrgico se tornar uma realidade?
Precisamos de uma nova introdução à Cristandade. Também as crianças e os jovens. Uma introdução à liturgia não significa apenas saber sobre a celebração, embora, é claro, isto seja indispensável do ponto de vista doutrinário e teologal. Os jovens e as crianças deveriam participar de liturgias celebradas com grande dignidade, as quais devem ser inteiramente permeadas do mistério de Deus no qual cada um se entende incluído. Participação activa não significa fazer algo, mas adentrar o culto e o silêncio, o ouvir e também a prece de súplica e tudo que realmente constitui a liturgia. Enquanto isso não acontecer, não haverá renovação litúrgica. Temos que dar um giro de 180°. Um ministério para a juventude deveria ser um lugar onde toma lugar um encontro com o Cristo vivo na Igreja. Onde Jesus Cristo aparece como alguém de ontem, não é possível haver qualquer educação litúrgica ou participação activa. Enquanto a consciência do Cristo vivo não despertar novamente, nada acontecerá da tão esperada renovação.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

RICOS E POBRES

Estado perdoa 1.830 milhões de dívida da EP, Metro de Lisboa e Refer
éê

Beneficiários de subsídios de desemprego e doença notificados para devolverem dinheiro dos cortes de 6% no subsídio de desemprego e de 5% no subsídio de doença relativos a Agosto e Setembro.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A VERDADE DO FIM DA PARCERIA ESTRATÉGICA COM ANGOLA!

A VERDADE

DO FIM DA PARCERIA ESTRATÉGICA COM ANGOLA

José Eduardo dos Santos, presidente da República de Angola, no discurso a nação anunciou o fim da parceria estratégica com Portugal porque, no dizer do mesmo, “as coisas não estão bem”.

Temos aqui uma forma de pressão do poder político de Angola, descaradamente corrupto, sobre o poder político português, subtilmente corrupto, com o objectivo de este pressionar ou bloquear a investigação judicial aos dirigentes corruptos angolanos, tendo à cabeça evidentemente o Presidente de Angola, por isso as “coisas não estão bem”.

O poder político corrupto de Angola usa o seu poder económico para fazer chantagem a Portugal. Uma vez que estamos numa sociedade amoral, gerou políticos sem carácter e amorais. Por isso, em vez de honra, vamos ter desonra, em vez de valentia, vamos ter covardia, em vez de valores, vamos ter avalores.

A verdade é apenas uma: forçar o poder politico a bloquer a investigação aos políticos corruptos de Angola e dos seus amigos políticos portugueses.

domingo, 13 de outubro de 2013

MÁRIO SOARES

Mário Soares, que muito bem é caricaturado como “só ares”, tem um sentido de justiça e imparcialidade estupidamente anormal e animal.

Diz ele que os actuais governantes, depois de saírem do governo, devem ser julgados. Então e o governo que nos levou a esta falência atroz?

Onde esteve Mário Soares quando o governo socialista afundava, dia para dia, o país em dívidas?
Não só os actuais governantes que devem ser julgados, mas três tipos de pessoas que devem ser severamente castigados pela justiça: Banqueiros, Políticos e empresários que viveram à conta do orçamento do Estado.

Como explicar este “so ares” de Mário Soares? “Senilidade: imbecilidade provocada pela velhice, que se manifesta habitualmente sob a forma de loquacidade” (Ambrose Bierce).

sábado, 12 de outubro de 2013

LEGITIMIDADE!

LEGITIMIDADE

Qual a legitimidade de um regime e dos partidos desse regime, quando 54,6% das pessoas não votam? (http://www.ionline.pt/artigos/portugal/autarquicas-546-dos-portugueses-recusaram-votar-partidos).

O que mantém este regime politico, que está podre e caduco? A mentira.
Mark Twain dizia que há três espécies de mentira, sendo uma delas a estatística. Ora nas eleições autárquicas de 2013, o actual regime escondeu através da mentira da estatística a realidade. Diz a estatística de que o PS ganhou com 37,67% e o PSD 22,95%, quando a verdade o PS teve 19% e o PSD 8,8%. Os dois juntos tiveram apenas 27,8%.

Sem dúvida que este regime não tem legitimidade, porque o povo não o reconhece como ficou demasiadamente provado com estas eleições: 54,6% dos portugueses não reconhecem o actual regime, nem tão pouco os seus partidos. Temos assim um documento, a estatística, que mente à medida do actual regime, dos partidos e dos políticos.

O símbolo deste regime é a actual bandeira de Portugal que é uma mentira dita permanentemente em silêncio. “As mentiras mais cruéis são frequentemente ditas em silêncio” (Robert Stevenson). A actual bandeira nacional é o símbolo do regime, que já teve várias dinastias (republicas): A Maçonaria. A bandeira da república é a bandeira da Maçonaria. Uma mentira dita constantemente em silêncio de modo a passar como verdade para o povo, uma mentira.

Não há dúvida que estas eleições demonstraram que o actual regime, juntamente com os partidos, deixou de ter legitimidade.

É urgente acabar com a mentira, demitindo de vez este regime e restaurando a monarquia e alterando a lei eleitoral.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

EXCOMUNHÃO AOS MODERNISTAS - SÃO PIO X

MOTU PROPRIO
PRAESTANTIA SCRIPTURAE

Motu proprio  de nosso santíssimo padre, pela divina providência, Papa Pio X, tratando das decisões da comissão pontifícia encarregada do desenvolvimento dos estudos bíblicos, assim como das censuras e penas decretadas contra os transgredirem as prescrições publicadas contra os erros dos modernistas

Nosso Predecessor, de imortal memória, Leão XIII, em sua encíclica Providentissimus Deus, publicada em 18 de Novembro de 1893, depois de ter mostrado a importância da Sagrada Escritura e de ter recomendado seu estudo, fixou as regras que deviam presidir um estudo sabiamente conduzido dos Livros sagrados. Ele proclamou a sua origem divina contra os erros e as calúnias dos racionalistas e ao mesmo tempo defendeu os livros divinos contra as opiniões desta falsa ciência, conhecida sob o nome de “alta crítica”: opiniões que, como escrevia muito sabiamente o mesmo Pontífice, não são manifestamente senão invenções do racionalismo penosamente retiradas da filologia e de ciências similares.

Para conjurar o perigo que a difusão das ideias temerárias e errôneas tornava cada dia mais ameaçador, esse Nosso mesmo predecessor, pela Carta Apostólica Vigilantiæ studiique memores, de 30 de Outubro de 1902, instituiu um Conselho pontifício ou Comissão bíblica, composta por um certo número de Cardeais da Santa Igreja Romana, ilustres por sua  doutrina e por sua prudência, aos quais foram associados, a título de consultores, um grande número de eclesiásticos escolhidos entre os sábios teólogos e biblistas de diferentes países e representando os métodos e opiniões exegéticas de diversos matizes. Com efeito, o Pontífice tinha em vista uma vantagem muito científica e apropriada ao tempo presente: ele queria que na Comissão se pudesse propor, explicar e discutir com toda liberdade as opiniões as mais diversas. Nos próprios termos desta Carta, os cardeais não se pronunciariam antes de tomado me consideração e pesado os argumentos pró e contra. Nada deveria ser negligenciado do que poderia colocar em plena luz o estado exato e verdadeiro das questões bíblicas propostas. Só depois destas várias etapas que de deveria submeter as conclusões à aprovação do Soberano Pontífice e em seguida publicá-las.

Denzinger 2113 – Após longas deliberações sobre as matérias e após consultas diligentíssimas, a Pontifícia Comissão Bíblica emitiu felizmente algumas sentenças sumamente úteis para promover genuinamente os estudos bíblicos e dirigi-los por uma norma certa. Porém, vimos que não faltam, de modo algum, pessoas que, levados além da medida em direcção a opiniões e métodos manchados por  novidades perniciosas, e arrastados pelo cuidado exagerado de uma assim chamada liberdade que, na realidade, não é senão uma licença sem freio muito prejudicial às ciências sagradas e cheias de graves perigos para a pureza da Fé, não receberam e nem recebem com a devida obediência tais decisões supracitadas, por mais que tenham sido aprovadas pelo Sumo Pontífice.

Por isso vemos que é preciso declarar e mandar, como com o presente o declaramos e expressamente mandamos, que todos, absolutamente, estão obrigados por dever de consciência a submeter-se às sentenças da Pontifícia Comissão Bíblica, quer as que já foram emitidas, quer as que doravante serão emitidas, do mesmo modo que aos Decretos das Sagradas Congregações referentes às questões doutrinárias e aprovadas pelo Sumo Pontífice; e não podem evitar a nota de desobediência e temeridade e, portanto, não estão livres de culpa grave todos aqueles que, por palavras ou por escrito, impugnem estas sentenças; isto à parte do escândalo com que desedificam, e tudo mais de que podem ser culpados diante de Deus, pelo que, sobre estas matérias, como costuma acontecer digam temerária e erroneamente.

Denzinger 2214Além disso, com o fim de reprimir os espíritos cada vez mais audazes dos modernistas que, com sofismas e artifícios de todo gênero, se empenham em tirar força e eficácia não só do decreto Lamentabili sane exitu publicado, por Nossa ordem, no dia 08 de Julho do corrente ano, pela Santa  Romana e Universal Inquisição, como também a Nossa Carta Encíclica Pascendi Dominici gregis, datada de 8 de Setembro desse mesmo ano, – por Nossa Autoridade Apostólica, Nós reiteramos e confirmamos,  tanto o Decreto da Congregação da Sagrada Suprema Inquisição, como da dita Nossa Encíclica, acrescentando a pena de excomunhão contra os contraditores, e Nós declaramos e decretamos que, se alguém – o que Deus não permita – chegar a tanta audácia, que defendesse qualquer das proposições, opiniões e doutrinas reprovadas em um ou outro dos documentos acima mencionados, fica, ipso facto, ferido pela censura decretada pelo capítulo Docentes, da Constituição Apostolicæ Sedis, que é a primeira das excomunhões latæ sententiæ reservadas simplesmente ao Pontífice Romano. Esta excomunhão deve ser entendida como, sem suprimir as penas em que possam incorrer aqueles que faltem contra os citados documentos, como propagadores e defensores de heresias, se alguma vez suas proposições, opiniões ou doutrinas são heréticas, coisa que acontece mais de uma vez com os inimigos desses dois documentos e, sobretudo, quando propugnam os erros dos modernistas, isto é, a reunião de todas as heresias. (Denziger, Nº 2113-14)

Tomadas estas decisões, Nós recomendamos de novo com as mais vivas instâncias aos Ordinários das Dioceses e aos Superiores das Congregações Religiosas de exercerem a maior vigilância com relação aos professores, sobretudo em seus Seminários. Se encontrarem professores imbuídos dos erros modernistas, ávidos de novidades malsãs ou poucos dóceis às prescrições da Sé Apostólica, qualquer forme que elas tenham, que os proíbam de todo magistério, e que lhes recusem o próprio acesso às Ordens Sagradas aos jovens que forem objeto da menor suspeita de apego às doutrinas condenadas e às novidades perniciosas.

Nós os exortamos ao mesmo tempo que vigiem sem descanso e com zelo os livros e outros escritos – cujo número crescem desmedidamente – que contém opiniões e tendências da mesma natureza do que aquelas que foram condenadas pela Encíclicas e pelo Decreto acima citados. Que eles vigiem para que livros desapareçam das livrarias católicas, e, com muito maior razão, que eles os afastem das mãos dos estudantes e do clero.

Se cumprirem com cuidado este dever, favorecerão a verdadeira e sólida formação dos espíritos, obra que deve ser o principal objeto da solicitude dos Superiores Religiosos. Queremos e ordenamos que todas estas prescrições sejam tidas como ratificadas e confirmadas por Nossa autoridade, não obstante todas determinações contrárias.

Dado em Roma, junto a São Pedro, em 18 de Novembro do ano de 1907, o quinto de Nosso Pontificado. Pio X, Papa.


quarta-feira, 2 de outubro de 2013

VATICANO II


A MISSA NÃO É PARA DEUS!

A MISSA NÃO É PARA DEUS!

·       INTRODUÇÃO
Por achar pertinente vou deixar aqui registado um caso que me levou a tomar maior consciência do problema da crise da Igreja.
Enviei através do meu email, para vários contactos, uma mensagem com o título “Desabafo de um padre sobre missas” que pode ser visto aqui: http://sacerdotibus.blogspot.pt/2013/09/desabafo-de-um-padre-sobre-missas.html.
Qual não foi meu espanto quando recebo dois emails, um do padre da Igreja onde dou catequese que dispensava estas palhaçadas e outro de uma catequista de missa diária.
A mesma considerou a mensagem como lixo, aconselhando-me a rezar pelos sacerdotes e pela eucaristia.
O primeiro conselho é um tanto ou quanto impróprio, já que a mesma conhece-me, uma vez que fomos catequistas na mesma igreja, e frequentamos o mesmo templo aos Domingos na Santa Missa. O segundo conselho é que deixou-me confuso, perplexo e perturbado.
Face aos email’s de protesto, quanto ao padre apenas pedi desculpa pelo incómodo, pois nada mais poderia fazer. O testemunho de um padre, como ele, era palhaçada. Esquisito.
Quanto à catequista e conhecida, respondi-lhe que não se reza pela eucaristia, mas esta é que reza por nós já que a mesma é para Deus em favor dos homens, a não ser que o conselho seja no sentido de nós desagravarmos as irreverências e os sacrilégios contra a mesma. Em resposta, a referida catequista respondeu em maiúsculas, o seguinte:
 A MISSA NÃO É PARA DEUS!
Vamos à missa para pedir, louvar, agradecer e adorar a Deus.
Assim, vamos à missa para ouvir a Palavra de Deus e saber o que Ele fala e propõe.

Esta resposta deixou-me abalado, já que conhecendo a pessoa, fiquei a pensar porque tem esta ideia da Santa Missa. Ora a mesma é uma pessoa de missa diária, muito consciente da sua condição de católica, dedicada às coisas de Deus, sempre activa, diligente no apostolado, zelosa, pessoa de oração, etc.
Porque uma pessoa com esta qualidade, e profundo apostolado, tem esta convicção?
Mais grave ainda foi quando eu disse que ela estava enganada, que tinha uma concepção protestante da Santa Missa, e que a esta era para Deus em favor dos homens. Ela não aceitou.
·       PESQUISA
Face a isto, surgiu-me uma ideia. Será que só ela é que pensa assim, ou há mais pessoas que têm o mesmo pensamento? Pensei fazer uma pequena pesquisa, precisamente na igreja, onde tanto eu como ela, vamos à Santa Missa. Perguntei a várias pessoas, algumas delas catequistas, sobre o mesmo assunto. Isto é, a Santa Missa é para quem?
Fiquei espantado com as respostas. Uns diziam que era para o povo, outros para louvar, outros para ouvir a palavra de Deus, e houve um que fundamentou que a missa era para o povo, tanto que se não estiver pelo menos 2 ou 3 pessoas a Santa Missa é inválida. Trata-se de um amigo pessoal que foi seminarista, hoje homem casado, e um homem de grande fé. Também cheguei a perguntar a um rapaz de uma piedade profunda, que vai agora para seminarista, e ao colocar-lhe a pergunta “a Santa Missa é para quem?”, o mesmo ficou atrapalhado e disse: “É uma boa questão que agora não sei responder”. Depois, deu um palpite: “Para as pessoas?”.
De todas as pessoas, houve apenas uma que respondeu: “É para Deus”.
Todas elas vão ao mesmo local da Santa Missa, por isso fiquei intrigado com a resposta desta última pessoa. Devo aqui frisar que a Santa Missa de Paulo VI é celebrada com muita reverência e sacralidade. Mais, não admitem ministros extraordinários da comunhão e esta é, numa atitude pedagógica, incentivada a que seja de joelhos e na boca. Então porque apenas uma pessoa respondeu a Santa Missa é para Deus? Porquê? Qual a razão? Face à resposta da pessoa fiz conversa com a mesma, para perceber a razão porque ela tinha a ideia correcta da Santa Missa. Foi então quando disse que ia à Santa Missa, uns dias por semana, mas pela forma do rito extraordinário. Mais, a mesma afirmou docemente que, a seu tempo, a Missa do rito romano seria totalmente restaurado na Igreja. Fiquei a olhar… pasmadamente para a pessoa.
·       SUMMORUM PONTIFICIUM
Desde que o Papa Bento XVI publicou o Motu Proprio Summorum Pontificium que venho a estudar com muito interesse a Liturgia, e tomei conhecimento de muitas coisas que até então eram, para mim, completamente desconhecidas. Devo dizer que antes da publicação do Motu Proprio eu também tinha a mesma ideia que as outras. O estudo da Liturgia fez-me ver e compreender muitas coisas.
Por isso, hoje consigo perceber porque as pessoas têm esta ideia da Santa Missa: É para o povo. Mas, provavelmente o mais trágico é que esta ideia pode ser a ponta de um iceberg de uma multidão de católicos, que talvez pensarão da mesma maneira. E se assim for, quantos outros erros teológicos não estarão associados a esta ideia? Consequentemente quantos erros são acreditados como verdades, por causa desta ideia errada da Santa Missa.
Quando o médico está diante de um doente, ele começa por fazer um historial da doença, para conseguir perceber a(s) causa(s) do problema, e a partir dai fazer um prognóstico para curar a mesma.
A Summorum Pontificium teve um efeito enorme na minha pessoa. Foi por causa deste documento pontifício que comecei a estudar a Liturgia, e usei o mesmo método do médico. A Igreja está doente e, por arrasto, o mundo também, já que a primeira é a alma do segundo.
·       HISTORIAL DA DOENÇA
“Sic omnis arbor bona fructus bonos facit; mala autem arbor malus fructus facit” (Mat. VII, 17)
Comecei a fazer o historial da doença (crise), que hoje gravemente atinge a Igreja. Uma crise de autodestruição, como disse o Papa Paulo VI. De etapa em etapa, o historial foi sendo construído e parou no Concilio Vaticano II. Isto é, a minha pesquisa, como leigo, levou ao ponto de partida da doença. Passei então a estudar a doença em si, e verifiquei com espanto que a mesma foi uma receita que foi aplicada com o objectivo de fortalecer e tornar robusta a pessoa (Igreja).
Porém, a receita, em vez de surtir o efeito desejado, tornou-se um grave problema de tal maneira que criou uma doença, onde não havia doença, criou um problema, onde não havia problema, criou perturbação, onde não havia perturbação, e, mais grave, criou a convicção de que a receita é A única, e toda e qualquer outra é um atentado a esta receita, que se tornou numa espécie de vaca sagrada.
Isto faz-me lembrar o programa dos Alcoólicos anónimos que tem dez passos, dependo o sucesso dos nove passos seguintes, do primeiro: Reconhecer que é alcoólico.
Aqui temos a mesma situação. Há toda uma fuga, justificações, desculpas e argumentos para fugir do reconhecimento da causa do problema. Porquê? Porque elevou-se a receita à condição de vaca sagrada, e reconhecer que a mesma é afinal o problema, quem o fizer é logo considerado como vírus, bactéria, fungo, etc.
Porque há esta reacção brusca e desesperada? Porque o médico orgulhoso tem dificuldade de reconhecer que a receita tinha erros. Mas reconhecer o erro faz do médico incompetente? Evidentemente que não.
·       CONCILIO VATICANO II
Como disse atrás, o diagnóstico parou no Vaticano II. Mas este é verdadeiramente o grande mal da doença? A verdadeira causa? Direi que o Vaticano II foi uma receita de um remédio que pretendia um único e majestoso efeito, nova primavera e novo Pentecostes, e afinal teve efeitos colaterais terríveis Uma espécie de Victoza, um medicamento criado especificamente para diabetes, mas que depois verificou-se que as pessoas emagreciam muitos quilos em pouco tempo.
O que funcionou mal, na receita do medicamento? Foi a mesma ter aspectos não claros, ambíguos, conter nela múltiplos sentidos, alguma imprecisão, permitir várias interpretações da receita, etc. À volta da receita há toda uma discussão se a mesma é vinculativa ou não. Uns argumentam que na Igreja não há infabilidade pastoral, somente infabilidade dogmática/doutrinária. Ora se o concílio foi pastoral, logo, tecnicamente falando, não se pode falar que tenha sido infalível. Outros afirmam que qualquer Concilio é dogmático e infalível, pois é a expressão máxima do magistério da Igreja. Enfim, uma discussão sem fim, porque a isso também os documentos conciliares o possibilita.
Nos documentos do Concílio Vaticano II, pode-se encontrar uma sugestiva síntese da relação entre o cristianismo e o iluminismo”. (João Paulo II, Memória e Identidade, Ed Objectiva, Rio de Janeiro, 2.005, p. 126). Talvez esteja aqui a razão destas ambiguidades. Na verdade misturar água suja com água limpa, só pode prejudicar esta última. O iluminismo, quer em sua forma racionalista, deista e laicista, defensora da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, quer em sua forma espiritualista gnóstica, defensora de que há no homem uma centelha ou semente divina, é essencialmente errado e absolutamente inaceitável. Logo não é possível uma síntese entre o Catolicismo e o Iluminismo. (Cfr. Sobre os dois tipos de iluminismo: Antoine Faivre, L´Ésotérisme au XVIII éme Siècle en France et en Allemagne, Seghers, Paris, 1973).
Como perceber, como isso foi possível? Bem, basta olhar para os teólogos, alguns deles condenados e demitidos pelo Papa Pio XII, que tiveram grande peso na elaboração dos documentos conciliares: Hans Kung, Edward Schillebeeckx, Yves Conga, Karl Rahner, Johann Baptist Metz, Henri de Lubac, Henri Rondet, Henri Bouillard, etc. Também as ideias de Pierre Teilhard de Chardin marcaram e influenciaram profundamente o Concilio Vaticano II. Não há aqui, também, tábua rasa do magistério da Igreja, antes do Vaticano II? Não é evidente uma contradição perturbadora?
Com este Concilio pretendeu-se fazer uma re-leitura do Evangelho à luz da cultura moderna, da cultura contemporânea. Como é possível fazer uma releitura do Evangelho com uma cultura pérfida, decaída e emancipada de Deus? Isto é, o pensamento do mundo, desta cultura ateia, serviu como hermenêutica para uma re-leitura da Palavra de Deus. Completamente insano.
Isso deu origem a efeitos colaterais desastrosos com o resultado idêntico do remédio Victoza: emagrecimento da Fé, do número de leigos, de padres, de seminaristas, do sentido do sagrado, do sobrenatural, do divino, etc.
Ora se estes são os frutos, pois sem sombra de dúvida que a maior crise da história da Igreja aconteceu após o Vaticano II. Isso é um facto peremptório. Face a isso escutemos o que diz o Senhor: “Omnis arbor quae non facit fructum bonum excidetur, et in ignem mittetur” (Mt 7, 19).
·       EFEITO COLATERAL: Reforma Litúrgica
Dos efeitos colaterais qual foi ou é o mais mortífero? Com o estudo que tenho feito cheguei à conclusão que, sem sombra de dúvida, a reforma litúrgica com o “Novus Ordo Missaeé o problema. Teve o efeito do “ébola” que originou imediatamente uma hemorragia letal em todo o corpo da Igreja, bem como a explosão de seitas cristãs por todos os cantos. Tão letal que Bento XVI, quando Cardeal, afirmou: «Os resultados que se seguiram ao Concílio parecem cruelmente opostos às expectativas de todos, inclusive às de João XXIII e, a seguir, de Paulo VI. Os cristãos são novamente minoria, mais do que jamais o foram desde o final da Antiguidade..» “ (Diálogos sobre a Fé”, Ed.Verbo, 1ª.Edição, 1985). Isto é, o resultado em vez da primavera ou de um novo Pentecostes desejado e querido, foi um terrível inverno e um Pentecostes do espirito do mundo, a tal invasão de que desabafava Paulo VI.
Também descobri que existe uma atitude suicida perante o problema, que, no início, não percebia, mas agora já entendo, e que falarei mais à frente. A atitude foi ter à mão a vacina para matar e estancar de vez esta hemorragia e, misteriosamente, a mesma não foi usada como até foi proibida. Estamos a falar do remédio que manteve a Igreja saudável durante quase dois milénios: O Rito Romano.
É inexplicável porque se insistiu, e se insiste, num remédio que há 50 anos provoca uma hemorragia na Igreja. O que estará por detrás desta atitude suicida? Será premeditada? Será cegueira espiritual?
·       A VACINA
João Paulo II tentou alertar os médicos (bispos) e propôs a tal vacina com o Motu Próprio “Ecclesia Dei”, mas eles simplesmente o ignoraram. Por desobediência? Por cegueira espiritual? Por medo de tocar na vaca sagrada? Por rebeldia? Por orgulho?
A Summorum Pontificium é uma tentativa de alertar o corpo dos médicos (Cardeais, bispos e padres) para olharem para aquela receita que manteve a Igreja sã.
Na minha opinião o que leva o corpo dos médicos a não reconhecer o remédio deve-se às trevas, de que nos alertou a Mãe de Deus em Fátima ao dizer que haveria uma profunda crise de fé. Ter o remédio à frente dos olhos e não o conseguir reconhecer é um mistério, que talvez se possa explicar como um castigo. Por causa disso o corpo da Igreja está doente, mas não o reconhece.
·       ESTUDO DA LITURGIA
O estudo da liturgia, o estudo da história dos bastidores do Vaticano II e o estudo dos bastidores da reforma litúrgica levou-me, por fim, a compreender e fazer-se luz porque as pessoas afirmam que a Santa Missa é para o povo.
Se todo o acto litúrgico tem por detrás dele uma verdade teológica, uma mensagem ou uma ideia teológica, então o acto do Novus Ordo de Paulo VI, intencionalmente ou não, forma as pessoas com a ideia de que a Santa é para elas e não para Deus. Como me disse um bom e zeloso cristão, que chegou a afirmar que a Santa Missa era inválida se não tivesse pelo menos 2 ou 3 pessoas. Isto é, são as pessoas, o povo, que autenticam e validam a Missa. Esta noção será exclusivamente dos leigos? Não haverá bispos e padres com a mesma ideia? Só assim se explica determinadas Missas que, na verdade, são espectáculos e festas.
·       FACULDADE DE TEOLOGIA
Eu posso testemunhar o quanto isso é verdade, quando andei na faculdade de teologia de Lisboa. Havia de tudo, menos de ortodoxia. Um professor, conhecido como o Lutero português, ensinava que o pecado original não existiu. Continua a ensinar. Outra professora, Antropologia Teológica, ensinava o poligenismo e o que o inferno não era eterno. Tive outro professor que negava a presença real de Jesus na eucaristia, bem como a ressurreição de Jesus. O professor de História da Igreja passou todo o semestre a elogiar Lutero, etc. etc. Mas qual era a forma de ensino? Era assim às claras. Não! Era com a mesma astúcia daquele que acima afirmou que se não interessa, faço silêncio. Quantos colegas seminaristas no fim das aulas desabafavam: Se já vim com pouca fé, saio daqui sem fé nenhuma. Tive um colega que era protestante e fiquei admirado de o ver na faculdade de teologia da Universidade Católica. Será que o que se ensinava ali era tão semelhante à teologia protestante que já não havia diferença? Era o meu pensamento. No 4º.ano encontro-o nas escadas da Biblioteca da universidade e pergunto porque deixou de ir as aulas, o mesmo respondeu: “Se continuasse, perdia a fé”. Lembro-me de ter desabafado com um santo sacerdote, na confissão, sobre o que se passava na faculdade de teologia e ele respondeu-me que pediu duas vezes audiência ao Sr. Cardeal, na altura António, para manifestar precisamente o que se passava e o mesmo respondeu que nada podia fazer. Quantos padres foram formados nesta faculdade com esta teologia? Quantos?
O Papa Bento XVI em relação à pedofilia afirmou: “Só examinando com atenção os numerosos elementos que deram origem à crise actual é possível empreender uma diagnose clara das suas causas e encontrar remédios eficazes. Certamente, entre os factores que para ela contribuíram podemos enumerar: procedimentos inadequados para determinar a idoneidade dos candidatos ao sacerdócio e à vida religiosa; insuficiente formação humana, moral, intelectual e espiritual nos seminários e nos noviciados; uma tendência na sociedade a favorecer o clero e outras figuras com autoridade e uma preocupação inoportuna pelo bom nome da Igreja e para evitar os escândalos, que levaram como resultado à malograda aplicação das penas canónicas em vigor e à falta da tutela da dignidade de cada pessoa. É preciso agir com urgência para enfrentar estes factores, que tiveram consequências tão trágicas para as vidas das vítimas e das suas famílias e obscureceram a luz do Evangelho a tal ponto ao qual nem sequer séculos de perseguição não tinham chegado. (Bento XVI, Carta Pastoral Aos Católicos na Irlanda, nº.4 http://www.radiovaticana.org/bra/Articolo.asp?c=365901).
Com faculdades com professores a ensinarem doutrina completamente fora do Magistério da Igreja, e com o silêncio ou encolher de ombros dos bispos perante tal facto, é evidente que tais faculdades geraram e geram sacerdotes inquinados. E isto tornou-se um ciclo vicioso, pois os padres de ontem destas faculdades são os bispos de hoje que favorecerão certamente a mesma mentalidade e pensamento.
·       VERSUS DEI/VERSUS POPULUM
A forma litúrgica Versus Dei transmite, de facto, a ideia teológica de que a Santa Missa é para Deus. Isto é, o acto litúrgico Versus Dei do sacerdote transmite precisamente a mensagem para quem a Santa Missa está a ser celebrada ou rezada. Por isso, aquela senhora que frequenta a missa do rito romano tem a fé correcta, e os outros não. As respostas destes, estão de acordo com a concepção protestante da missa. A forma Versus Populum tem o efeito contrário da outra. Isto é, o acto litúrgico do sacerdote virado para o povo passa a ideia teológica de que o fim da Santa Missa é o povo.
Foi com o estudo da Liturgia que descobri, estupefactamente, que seis pastores protestantes fizeram parte da comissão para a reforma da liturgia, não como membros, mas como consultores ou conselheiros. Incrível. Completamente inacreditável. Que diriam os Santos Padres da Igreja e os Santos.
Tal facto levou-me a várias questões. Pode o erro (protestantismo) ajudar e aconselhar a verdade (Catolicismo)? Pode a heterodoxia ajudar e aconselhar a ortodoxia? Pode o errado ajudar e aconselhar o certo? Pode a heresia ajudar e aconselhar a Verdade?!
Sobre este mesmo assunto veio-me à ideia a salvação do homem. Acaso poderemos conceber Deus pedir conselho a Satanás, para fazer o plano da Salvação do Homem?
Ora a Igreja é o caminho, deixado por Jesus, para salvação dos homens e a Santa Missa como o Centro e o Motor desse caminho. Então como pedir ao erro, a heterodoxia e a heresia para tornar mais eficiente o Motor? É um acto completamente suicida e de falta de bom senso.
É evidente que o resultado está à vista de todos e, o mais grave, apercebo-me agora, é que o Novus Ordo protestanizou os católicos e a própria Igreja.
É urgente que a reforma da reforma se faça com grande urgência para voltar a repor o verdadeiro remédio.
·       OPOSIÇÃO À REFORMA DA REFORMA
Porém esta reforma da reforma está a ter oposição, uns abertamente, outros veladamente, numa atitude de obediência mas, na prática, desobedecendo ao criar todos os obstáculos para que a mesma não vá para a frente.
Vou dar um exemplo claro e evidente da oposição velada, aparentemente numa atitude de obediência, mas na verdade uma oposição clara à vontade do Papa.
Um amigo meu que tenho como pessoa apaixonada pela Igreja, homem de oração, ortodoxo, membro do clero, defensor do Magistério, contudo temos divergências devido ao Summorum Pontificium, porque a partir deste documento fez-se luz para mim a crise da Igreja. Entretanto este meu amigo tem uma concepção dogmática do Vaticano II que o torna como super dogma. Numa conversa escrita sobre o Summorum Pontificium o mesmo respondeu:
«…tens que ver ainda que este documento do Magistério NÃO OBRIGA TODOS OS BISPOS DO MUNDO A PRATICAREM INCONDICIONALMENTE A FORMA EXTRAORDINÁRIA DA MISSA, ANTERIOR A 1970. Se não obriga, os bispos, como não estão interessados, remetem-se ao silêncio. Com certeza! Eu fazia o mesmo».
Esta posição escandalizou-me numa pessoa que tinha como ortodoxa. A sua resposta está com astúcia, manha e a forma habilidosa de opor-se e obstaculizar a vontade do magistério petrino. Quer dizer quando o Papa escreve uma encíclica, uma exortação apostólica, ou outro documento, se não obriga, como é o caso destes documentos, e não me interessa, eu remeto-me ao silêncio. Isto é, não faço nada daquilo que o Papa pede. O que é isso a não ser uma oposição silenciosa?! E depois são estas pessoas, que usam desta astúcia, que gritam a boca cheia para termos cuidados com os tradicionalistas.
Tendo eu respondido “É manifesta a forte resistência e também contestação, e até pública, de grande parte dos bispos a esta vontade do magistério”. O mesmo respondeu: “A esta vontade do Magistério?” Mas o Magistério não está a dizer que é obrigatório regressar ao passado!!!
Este “regressar ao passado” soa como um pânico, algo como uma maldição, uma tragédia, algo mau, errado, etc. Mas o que há de tão horrível neste passado litúrgico para causar tanta aversão? Fez-me imediatamente lembrar uma passagem duma conferência do Cardeal Paul Poupard “Não é de admirar que um clérigo confunda o aggionarmento conciliar com a vontade romântica exarcebada de tábua rasa, erecta em valor teológico: antes do Concilio/ depois do Concilio.” (“O Desafio do Ateísmo”, Livraria Apostolado de Impresa, 1986, pag.150).
Por detrás do “regressar ao passado”, conscientemente ou não, está a ideia teológica “antes do Concílio/depois do Concilio”. Está, também, a noção de que a Igreja, após Vaticano II, não é a Igreja do passado. É outra. E a expressão máxima desse facto é a Nova Missa de Paulo VI.
A Summorum Pontificium é o espelho onde podemos constar o silêncio como práxis dos membros da Igreja.
·       NOVUS ORDO
Estranhamente verifica-se que a Missa de Paulo VI colide frontalmente com as próprias instruções do Vaticano II. Alguns exemplos:
Não deve haver nela (Santa Missa) absolutamente nenhuma inovação e, por conseguinte, nenhuma criação nova de ritos litúrgicos, sobretudo da Missa…(Cf.Sacrosanctum Concilium, nº.21)
Ora a Missa de Paulo VI é, sem dúvida, uma inovação e uma criação nova de rito litúrgico. Por exemplo a introdução dos altares de frente para o povo e a celebração voltada para este trata-se de uma inovação e não de um retorno a um costume da Igreja primitiva. Esta concepção do altar para o povo faz da Missa uma comunidade do banquete eucarístico.
Bento XVI, com clareza no seu livro “A Minha Vida- A Autobiografia do Papa Bento XVI”, diz:
·       «…a publicação do missal de Paulo VI, com a proibição quase completa do missal precedente…havia transfigurado profundamente a liturgia…».
·       «…fiquei estupefacto com a proibição do missal antigo, porque algo semelhante jamais havia acontecido ao longo da história da Liturgia.».
·       «…a promulgação da proibição do Missal que se desenvolveu ao longo dos séculos desde os tempos dos sacramentais da Igreja da Antiguidade, comportava uma ruptura na história da liturgia, cujas consequências não podiam deixar de ser trágicas».
·       «…destruiu-se o antigo edifício e construiu-se outro…».
Temos então um novo edifício da Igreja que foi construído com o Novus Ordo e que, ao mesmo tempo, serviu para destruir o antigo edifício. Parece assim surgir uma nova Fé. A proibição do antigo missal, que foi codificado, pela bula Quo Primun Tempore, de modo perpétuo pelo Papa S.Pio V, vai precisamente na linha da destruição do antigo edifício e na construção de um novo edifício. Não é por acaso que no Osservatore Romano de 13/10/1967 está afirmado «…a reforma litúrgica aproximou-se das mesmas formas da liturgia da igreja luterana». Pudera, como não haveria aproximar-se se teve seis pastores luteranos como conselheiros? Mas isto faz sentido?! O altar como mesa tem influência destes protestantes.
Mons.Anibal Bugnini, o grande mentor do actual Novus Ordo acerca desta o mesmo afirmou: «Não se trata apenas de retoques numa obra de grande valor, mas às vezes é preciso dar estruturas novas a ritos inteiros. Trata-se de uma restauração fundamental, eu diria quase uma mudança total e, para certos pontos, de uma verdadeira nova criação. (Doc.Cat.nº.1493 de 7/05/1967). Também pela primeira vez na história da Igreja as mulheres são autorizadas a proclamar as leituras da Escritura. Outra inovação.
A Missa Romana que foi concebido ao longo de séculos num plano atemporal foi transposto para o contexto das situações concretas. Por isso, há missas conforme o livre arbítrio de cada um, porque o novo rito é, em si, pluralista. Por isso, há missas africanas, missas palhaço, missas dos motociclistas, dos ciclistas, etc, etc.
Confirma-se, assim, esta intenção de demolir o edifício antigo, de fazer uma ruptura com a Tradição, e fazer o tal edifício novo.
O novo rito parece ter deliberadamente, intencionalmente ou não, cortado os elementos da liturgia romana que mais se aproximavam dos ritos orientais, e se aproxima da liturgia protestante. O mais misterioso nisto é que o rito romano, conforme o Concilio Dogmático de Trento, tinha como objectivo excluir toos os perigos tanto para o culto litúrgico quanto para a própria fé, então ameaçados pela revolta protestante. Que mistério de iniquidade está por detrás da inovação do novo rito? Quantas almas não se perderam com este novo rito? A fé dos povos é defendida pela Ortodoxia. Com o pluralismo, a exemplo do ecumenismo do Vaticano II, o diálogo com o mundo e com tudo e todos, trouxe perturbação na fé dos povos. A evidência disso é a brutal diminuição da fé no mundo e, na Europa, com dimensões trágicas.
Que fazer com a Bula “Quo Primum”? Tábua rasa?
Perante a autodestruição do coração da Igreja, a Santa Missa, como se explica este silêncio face ao mesmo? Volto aqui a recordar aquele argumento de um amigo meu, membro do clero, “…os bispos, como não estão interessados, remetem-se ao silêncio. Com certeza! Eu fazia o mesmo». Não é este silêncio cumplicidade perante a destruição do edifício da Igreja. Quantos Deus não julgará pelo seu silêncio, quando deveriam ter falado?!
Os ritos da Missa devem ser de tal forma, que o sagrado seja mais expresso mais explicitamente. (Cf.Sacrosanctum Concilium, nº.21)
O Novus Ordo torna o humano mais expresso mais explicitamente, em vez do sagrado. Tanto assim que a mesma tem a tónica mais na Ceia do que no sacrifício, razão porque o altar apresenta-se como uma mesa. A Missa de Paulo VI comporta o problema do Vaticano II que é a polivalência. Por isso o Missal de Paulo VI dá para todo o tipo de missas. Missa Rock, Missa Fado, Missa Palhaço, Missa nova balada, etc, etc. O humano é o dominador no novo rito. Na mesma linha vemos a concepção das igrejas, após o Vaticano II, em que as mesmas parecem tudo menos igrejas. O humano é dominador na nova construção das igrejas e como disse o Papa Bento XVI “muitas igrejas hoje parecem teatros” (Cardeal Joseph Ratiznger, Voici quele st notre Dieu, Plon, Paris, 2.001. Pp 288 a 294). Da mesma forma que o acto litúrgico tem por detrás uma mensagem, uma ideia teológica, assim hoje os edifícios das igrejas idealizam esta mundanização e humanização.
Em 2/04/1972, o Cardeal Arcebispo Siri, numa carta dirigida aos Professores de Liturgia e Rubricas, bem como aos professores de Canto de nossos Seminários e também aos outros Superiores e Professores, disse: «Deve-se observar que no mundo criou-se uma onda colectiva de esvaziamento do belo. (…)Esta onda de esvaziamento também atingiu os Seminários…julgam que os símbolos externos da Igreja na sua Liturgia são supérfluos, inúteis e enfadonhos».
Não é isso que vemos hoje nas igrejas, quer na concepção dos edifícios, quer no interior dos mesmos? Um exemplo actual é a nova Basílica do Santuário de Fátima, Santíssima Trindade, materializa até à última virgula este esvaziamento do belo divino, litúrgico, e evidencia à saciedade o humano e o mundano na igreja. Ela parece de facto uma sala de espectáculo, tendo um palco, como nos teatros, e ao fundo uma tela gigante fazendo lembrar um ecrã dos cinemas. Isto é, há uma invasão, uma avalanche do mundano, do humano na liturgia, e por conseguinte, na fé.
Paulo VI disse: «a abertura ao mundo foi uma verdadeira invasão do pensamento mundano dentro da Igreja. Talvez fomos por demais fracos e imprudentes» (Oss.Rom. 23/11/1973).
É o pensamento humano e mundano que hoje vemos dentro da Igreja, na concepção dos novos edifícios como a lamentável Basílica da Santíssima Trindade do Santuário de Fátima, bem como outras igrejas espalhadas pelo mundo, após Vaticano II. Assim também o novo rito da Missa tem esta invasão do humano (Ceia).
O que foi mais expresso mais explicitamente, não foi o sagrado, foi esta invasão do pensamento do mundo. O sagrado é luz, o pensamento do mundo é trevas. Disso deu conta Paulo VI ao afirmar que a Igreja mergulhou num “sopro de nuvens, tempestades e de trevas” (Oss.Rom. 18/07/1975).
Temos novamente aqui aquele maldito silêncio que soa mais a cumplicidade do que obediência, soa mais a covardia do que coragem, soa mais à medo do que testemunho.
Este silêncio… faz-me lembrar o silêncio que os demónios fazem no exorcismo diante do sacerdote, como táctica para obstruir a acção de Deus.
Quanta sujeira existe na Igreja por causa deste silêncio?!
O latim deve ser conservado na liturgia, e sobretudo na Santa Missa. (Cf.Sacrosanctum Concilium, nº.36 e 54)
A substituição do latim pelo vernáculo na liturgia da Igreja católica foi considerada por muitos uma medida infeliz e saudada por outros como um “aggiornamento” necessário para favorecer a participação do povo. Porém, não foi uma decisão do Concílio Ecuménico Vaticano II, sendo certo que a sua matriz não é a clareza, mas o pluralismo. Isto é, várias interpretações. Mais abaixo darei um exemplo.
Cinco anos depois do Concílio, não havia mais sinal dele nos livros litúrgicos católicos. Como foi isso possível e porquê esta obsessão em eliminar o latim da vida da Igreja. O que há, na verdade, por detrás deste acto? Lembro novamente que há sempre uma mensagem ou doutrina teológica para cada acto litúrgico e pode-se dizer que o latim tinha também essa mensagem, essa ideia e essa doutrina.
A eliminação total da língua dos antigos romanos aconteceu quase à surdina e em alguns casos contra a vontade do Papa Paulo VI. Que forças obscuras estão por detrás deste desaparecimento silencioso do latim? Foi a invasão do pensamento mundano dentro da Igreja, de que se lamentava Paulo VI, que levou a tal tragédia?
A tragédia está precisamente nos textos, intencionalmente ou não, escritos dessa forma que resulta na ambiguidade, que possibilidade várias interpretações dos documentos conciliares. Pois nesta disposição do Concilio sobre o latim temos “salvo direito particular”. Esta foi a brecha que permitiu a implantação do vernáculo na liturgia universal, anulando, praticamente, o disposto no mesmo artigo. Isto é uma prática recorrente nos documentos conciliares em que se se dispõe uma coisa, mas depois deixa-se uma brecha para anular o disposto.
O "salvo", inserido no parágrafo 1 do artigo 36 do Sacrossantum Consilium, foi como um pequeno furo na parede de uma represa, foi o suficiente para que a língua latina fosse posterior e totalmente eliminada do culto litúrgico e substituída pelo vernáculo. Assim, a excepção tornou-se regra, como em outras excepções estabelecidas pelo Vaticano II. Um exemplo duma excepção como regra são os ministros extraordinários da comunhão. E a culpa é de quem? Dos leigos? Não! É dos padres e dos bispos.
Ao consultar a Tradição da Igreja e o seu Magistério temos vários avisos vermelhos que foram pura e simplesmente ignorados:
1.     Pio XII afirma que o latim “é um nobre e claro sinal de unidade e um antídoto eficaz contra a corrupção da pura doutrina” (Encíclica Mediator Dei)
2.     O papa João XXIII promulga a Constituição apostólica Veterum sapientiae que afirma que a Igreja, pela sua natureza, precisa de uma língua “universal, imutável e não vulgar
3.     S. Francisco de Sales, final do século XVI, contra os ensinamentos dos reformadores protestantes que, ainda dentro da Igreja Católica, defendiam a utilização do vernáculo na liturgia: "Examinemos seriamente porque pretendem ter o Serviço divino em língua vulgar. Seria para ensinar a doutrina?" (...) "Para isto há a pregação, na qual a palavra de Deus, além de lida, é explicada pelo sacerdote... De modo algum nós devemos simplificar nossos ofícios sagrados em linguajar particular, pois, como nossa Igreja é universal no tempo e no espaço, ela deve também celebrar os ofícios públicos em língua também universal no tempo e no espaço." (Controverses, 2ème partie, discours 25).
4.     Do Papa Alexandre VII, em 1661, contra o Jansenismo, que substituíra o latim pelo francês na liturgia: "Alguns filhos da perdição, ansiosos por novidades para a perda das almas, chegaram a este cúmulo de audácia, de traduzir o Missal romano para o francês, originalmente escrito em latim, seguindo o costume aprovado pela Igreja há tantos séculos... Assim fazendo, eles tentaram, com temerário esforço, degradar os mais sagrados ritos, rebaixando a majestade que a língua latina os reveste, e expondo de forma vulgar a dignidade dos mistérios divinos" (Yves Daoudal, La liturgie enseignement sacré - Itinéraires, n  263, Mai 82)
5.     De Joseph de Maistre (embora filósofo, maçon, martinista e favorável às idéias gnósticas de Jacob Böehme e ao milenarismo), em 1819: "Não convém a uma religião imutável utilizar qualquer língua mutável. O movimento natural das coisas atinge constantemente as línguas vivas... Se a Igreja falasse na nossa língua, alguém com atrevido espírito poderia tornar o mais sagrado da liturgia, em ridículo ou indecente. Sob os mais imagináveis aspectos, a língua religiosa deve ser sempre colocada acima do domínio do homem" (Du Pape, livre l ch. XX, apud Yves Daoudal).
6.     Do Papa João XXIII, na sua constituição Veterum Sapientiae, de 22 de Fevereiro de1962:
4.1 - "...Não sem a disposição da Divina Providência, aconteceu que a língua (latina), que por muitos séculos unira tantos povos sob o Império Romano, se tornasse a própria língua da Sé Apostólica e, preservada para a posteridade, reuniu num estreito vínculo, uns com os outros, os povos cristãos da Europa"
4.2 - "De facto, pela sua própria natureza, a língua latina está apta a promover junto a qualquer povo toda a forma de cultura; pois que ela não suscita invejas, apresenta-se imparcial a todos os povos, não se constitui em privilégio de ninguém, em fim é totalmente aceita e amiga."
4.3 -"Não podemos esquecer que a língua latina tem nobreza de estrutura lexica, visto que oferece a possibilidade de « um estilo conciso, rico, armonioso, cheio de majestade e de dignidade» ( Pio XI, Epist. Ap. Officiorum omnium, 01/08/1922: A.A .S. 14), que de modo especial consegue clareza e gravidade".
4.4 - "Por estes motivos a Santa Sé tem cuidadosamente zelado na conservação e progresso da língua latina e a considera digna de ser utilizada como «magnífica vestimenta da doutrina celeste e das santíssimas leis» (Pio XI, Motu Proprio Litterarum Latinarum, 20/10/1924), no exercício do seu magistério, e quer ainda que seus ministros a utilizem".
4.5 - «O pleno conhecimento e uso dessa língua, tão ligada à vida da Igreja, não interessa tanto à cultura e às letras quanto à Religião» (Pio XI, Epist. Ap. Officiorum omnium, 01/08/1922), "como disse nosso Predecessor...; o qual, ocupando-se cientificamente do assunto, reuniu três dons desta língua, de modo admirável conforme a própria natureza da Igreja: «De facto, a Igreja, como mantêm unidos na sua amplitude todos os povos e durará até a consumação dos séculos... requer, pela sua natureza, uma língua universal, imutável, não vulgar» (Ibidem).
4.6- "É necessário que a Igreja utilize uma língua não só universal, mas também imutável. Se, de facto, a verdade da Igreja Católica fosse confiada a algumas ou a muitas das línguas modernas, sujeitas a uma contínua mudança, as quais nenhuma tem maior autoridade e prestígio sobre as outras, resultaria sem dúvida que, devido à sua variedade, não ficaria manifesto para muitos com suficiente precisão e clareza o sentido de tais verdades, nem, por outro lado, se disporia de alguma língua comum e estável, para confrontar o sentido das outras".
4.7- "... Enfim, visto que a Igreja Católica, por ter sido fundada por Cristo Nosso Senhor, excede sem medida em dignidade sobre todas as sociedades humanas, é sumamente conveniente que ela use uma língua não popular, mas rica de majestade e de nobreza".
4.8 - "Além disso, a língua latina, que «justamente podemos chamar de católica» (ibidem), pois que é própria da Sede Apostólica, mãe e mestra de todas as Igrejas, e consagrada pelo uso perene, deve ser mantida como «tesouro de incomparável valor» (Pio XII, Alloc. Magis quam, 23/11/1951) e como porta pela qual se abre a todos o acesso às mesmas verdades cristãs, vindas dos tempos antigos, para interpretar o testemunho da doutrina da Igreja (Leão XIII, Epist. Encicl. Depuis le jour, 08/09/1899) e, finalmente, como vínculo mais que idóneo, mediante o qual a época actual da Igreja se mantem unida com os tempos passados e com os tempos futuros de modo admirável».
4.9 - "Em nossos dias, o uso do latim é objecto de controvérsia em muitos lugares e, consequentemente, muitos perguntam qual é o pensamento da Sé apostólica sobre este ponto. Por isso nós decidimos tomar medidas oportunas, enunciadas neste solene documento, para que o uso antigo e ininterrupto do latim seja plenamente mantido e restabelecido onde ele quase caiu em desuso."
Meu Deus, depois disto tudo, pergunto como foi possível demolir tal tesouro completamente da Igreja Universal?! Volta aqui a causa da doença. Ela está identificada só que há duas atitudes: os que claramente o identificam e os que cismaticamente o ignoram. Estes têm medo de pôr em causa a Autoridade do Concilio. Sim, uma doença tem autoridade, por isso temos de ter respeito com ela, razão porque tomamos vacinas. Neste caso, insiste-se em ignorar a vacina.
Também aqui quanto silêncio de muitos, primeiramente do episcopado e depois dos padres?
O canto gregoriano tem o primeiro lugar na liturgia. (Cf.Sacrosanctum Concilium, nº.116)
O Concílio Vaticano II não se calou sobre o Gregoriano, no seu primeiro documento, de 1963, a Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia, que versava sobre a reforma do Rito Romano pode-se encontrar um capítulo inteiro dedicado à Música Sacra (capítulo VI) do qual destaco:
112. A tradição musical da Igreja é um tesouro de inestimável valor, que excede todas as outras expressões de arte…
114. Guarde-se e desenvolva-se com diligência o património da música sacra.
116. A Igreja reconhece como canto próprio da liturgia romana o canto gregoriano; terá este, por isso, na acção litúrgica, em igualdade de circunstâncias, o primeiro lugar.
Os que defendem que há ambiguidade no Concilio Vaticano II, e não são pessoas menores, mas altas figuras do episcopado, voltamos aqui a encontrar nova brecha:
117. Procure terminar-se a edição típica dos livros de canto gregoriano; prepare-se uma edição mais crítica dos livros já editados depois da reforma de S. Pio X.

Convirá preparar uma edição com melodias mais simples para uso das igrejas menores.

Podem utilizar-se no culto divino outros instrumentos, segundo o parecer e com o consentimento da autoridade territorial competente, conforme o estabelecido nos art. 22 § 2, 37 e 401, contanto que esses instrumentos estejam adaptados ou sejam adaptáveis ao uso sacro, não desdigam da dignidade do templo e favoreçam realmente a edificação dos fiéis.
Verifica-se assim que o que tinha apenas a condição de extraordinário passou a ordinário, a exemplo do ministro extraordinário da comunhão.
É evidente que estas brechas potenciaram os abusos e que ainda ocorrem. Os Papas pronunciaram-se sobre os variados abusos, Paulo VI sobre o abandono do latim, João Paulo II sobre a irreverência com o Santíssimo Sacramento e Bento XVI sobre o abandono do Mistério na Liturgia. O Novus Ordo, sem sombra de dúvidas, potencia grandemente para este abandono do Mistério da Liturgia.
Em 2001, em duas ocasiões o Beato Papa falou novamente sobre Música Sacra. Primeiramente num discurso por ocasião do 90º aniversário do Pontifício Instituto de Música Sacra:
O canto Gregoriano, a polifonia sacra e o órgão. Apenas nesse caminho a música litúrgica irá dignamente realizar sua função durante a celebração dos sacramentos e, especialmente, da Santa Missa.
Depois por ocasião do congresso internacional de Música Sacra, o Beato Papa disse:
Música Sacra é uma parte integral da liturgia. O canto Gregoriano, reconhecido pela Igreja como sendo “especialmente adequado à liturgia Romana”, é uma herança espiritual única e universal que foi legada a nós como a mais clara expressão de música sacra a serviço da palavra de Deus.
Em 2003, no aniversário de 100 anos do Motu Proprio Tra le sollecitudini do Santo Papa Pio X, o Beato João Paulo II publicou um documento muito esclarecedor, onde consta:
2(...) Portanto, foi constante a atenção dos meus Predecessores a este delicado sector, a propósito do qual foram evocados os princípios fundamentais que devem animar a produção da música sacra, especialmente destinada à Liturgia. Além do Papa São Pio X, devem ser recordados, entre outros, os Papas Bento XIV, com a Encíclica Annus qui (19 de Fevereiro de 1749); Pio XII, com as Encíclicas Mediator Dei (20 de Dezembro de 1947) e Musicae sacrae disciplina (25 de Dezembro de 1955); e, finalmente, Paulo VI, com os luminosos pronunciamentos que disseminou em múltiplas oportunidades.

Entre as expressões musicais que mais correspondem à qualidade requerida pela noção de música sacra, particularmente a litúrgica, o canto gregoriano ocupa um lugar particular. O Concílio Vaticano II reconhece-o como "canto próprio da liturgia romana" à qual é preciso reservar, na igualdade das condições, o primeiro lugar nas acções litúrgicas celebradas com canto em língua latina. São Pio X ressaltava que a Igreja "o herdou dos antigos Padres", "guardando-o ciosamente durante os séculos nos seus códigos litúrgicos" e ainda hoje o "propõe aos fiéis" como seu, considerando-o "como supremo modelo de música sacra". O canto gregoriano, portanto, continua a ser também hoje, um elemento de unidade na liturgia romana.
O Vaticano II — que re-confirmou plenamente a primazia do gregoriano, da polifonia e do órgão, contudo o que se viu e se vê é uma devastadora degeneração na música da Igreja, a pretexto das brechas existentes nos documentos conciliares.
A partir dos anos 60 do século passado o desaparecimento do canto gregoriano foi quase total. De facto, o golpe serviu-se das brechas dos documentos conciliares para distorcer a aplicação da reforma litúrgica, tendo como autores parte da elite da Igreja. Um mistério que um dia Deus nos revelará. Este golpe foi magistralmente aplicado, pois a mudança veio com rapidez fulminante, praticamente de um dia para o outro e, em consequência o canto gregoriano foi arrastado para o exílio.
“O Concílio Vaticano II reconhece-o como "canto próprio da liturgia...O canto gregoriano, portanto, continua a ser também hoje”, mas os factos desmentem. (http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/letters/2003/documents/hf_jp-ii_let_20031203_musica-sacra_po.html)
Que mistério de iniquidade é este que tem a participação ou cumplicidade dos membros da Igreja, nomeadamente de algum episcopado?
Perante esta enorme e profunda crise da Igreja, e ao mesmo tempo assistirmos ao ensurdecedor silêncio daqueles que deveriam falar, lembro da profecia de S.Nilo, Ermita do Século V, amigo e discípulo de São João Crisóstomo, Superior de um Mosteiro de Ancira, na Galácia, morreu no ano 430. A sua Profecia foi inserida na importante obra de Hagiografia: “Bibliotheca Sanctorum”, vol. IX, p. 1008:
E os pastores cristãos, bispos e sacerdotes, serão homens frívolos, completamente incapazes de distinguir o caminho à direita, ou à esquerda.
As Igrejas serão privadas de pastores piedosos e tementes a Deus, e infelizes dos cristãos que restarem sobre a terra.

Pois é, infelizes dos cristãos leigos que não são alertados pelos seus pastores porque eles fazem silêncio sobre o que se está a passar. Como escreve o historiador Ricardo De La Civerva, “O que me perturba quando considero o mundo católico é que dentro do catolicismo parece às vezes que pode predominar um pensamento não católico, e pode suceder que este pensamento não católico dentro do catolicismo se converta, amanhã, como o pensamento mais forte. Porém nunca representará o pensamento da Igreja. É necessário que subsista uma pequena grei, por muito pequena que seja".
Anos depois, Guitton comentava: "Paulo VI tinha razão. E hoje nos damos conta. Estamos vivendo uma crise sem precedentes. A Igreja, e mais, a história do mundo, nunca conheceu crise semelhante. Podemos dizer, que, pela primeira vez na sua história, a humanidade no seu conjunto é contra a teologia". (La hoz y la cruz, Ed. Fénix 1996, pg.84).
Aquelas pessoas que responderam que a Missa não era para Deus, mas para as pessoas, não se verifica aqui precisamente este pensamento não católico? Lembro que são católicos de missa diária, e de apostolado dedicado.
É óbvio que o Novus Ordo enfatiza o sentido de “ceia” e “memória”, em vez da renovação do Sacrifício da Cruz. Esta deve ser a razão porque as pessoas pensam que a Missa é para elas.

  • O JOIO QUE MINOU
Pela vontade do Papa João XXIII, o Vaticano II quis ser um Concílio Ecumênico mas não no sentido tradicional de "universalidade" ou de "catolicidade", mas na acepção moderna de favorecer a unidade dos cristãos.
Essa intenção de fazer do Concílio um instrumento de ecumenismo, contradizendo o magistério anterior, abriu as portas da Santa Sé sendo esta ocupada pelos neolitúrgicos progressistas.
Deixemos de lado o que nos separa, guardemos o que nos une; este bem conhecido programa de João XXIII foi o princípio inspirador da nova liturgia. Por isso, o convite feito aos seis pastores protestantes e o Novus Ordo que se aproxima largamente da concepção protestante da eucaristia (Ceia).
Ora, uma reforma litúrgica inspirada em "motivos ecuménicos" é inconcebível, porque contradiz o princípio imutável da liturgia católica: cabe à regra de fé regular a oração.
Uma tal reforma é, ao contrário, pôr em prática a "caridade sem fé" que São Pio X condenou no modernismo. Não é de admirar que a "reforma" tenha sacrificado a claridade e a exactidão doutrinal em troca de ambiguidade e compromisso.
Todavia, imbuídos do princípio anunciado por João XXIII, os Padres conciliares irão dizer, no primeiro documento que aprovaram, ou seja, na Constituição "Sacrosanctum Concilium" sobre a reforma da "Sagrada Liturgia", de 4 de Dezembro de 1963, que o Concílio Vaticano II, desde o seu início, propunha-se a “favorecer tudo o que possa contribuir para a união dos que crêem em Cristo"... e para tanto julgou "ser seu dever cuidar de modo especial da reforma e do incremento da Liturgia"(pg 259.)., estando a Reforma do Ordinário da Missa inserida nessa reforma.
E esse documento foi redigido de uma forma tão ambígua que tornou possível a remoção "das pedras que pudessem constituir mesmo sombra de um risco de tropeço ou de desagrado para nossos irmãos separados", como declarou Monsenhor Annibal Bugnini, artífice da Nova Missa, no L’ Observatore Romano de 19 de Maio de 1965, pedras essas que existiam (e que continuam a existir) na liturgia da Igreja Católica, particularmente no rito romano tradicional, restaurado e canonizado por São Pio V para deter e combater as heresias protestantes. Com a aprovação da Constituição sobre a Sagrada Liturgia foi iniciada a protestantização da Missa católica.
Os Cardeais Ottaviani e Bacci escreveram ao Papa Paulo VI em 25 de Setembro de 1969 uma carta em que alertavam que o Novus Ordo representava tanto no seu todo como nos detalhes, um surpreendente afastamento da teologia católica da Santa Missa. Todos os alertas, já acima expostos, de nada serviu para parar a reforma, e apesar de 50 anos de provas evidentes de hemorragias graves, é perturbador como o amor à doença é mais forte que o desejo da cura (vacina).
Lutero e seus seguidores sempre afirmaram que a chave para destruir a Igreja era a destruição da Santa Missa.
Hoje tomei consciência de que a demolição do Rito Romano, conhecido também como gregoriano ou de S.Pio V, é a causa da grave crise que a Igreja atravessa. Também tenho consciência de que ele é a vacina para a construção de tudo o que há 50 anos foi destruído. Mais, estou convencido de que o actual rito não agrada a Deus e a razão são os frutos após 50 anos após o Vaticano II.
Sendo fiel à Igreja Católica, apostólica e romana e com amor filial ao Papa, como filho desta Santa Igreja não posso deixar de alertar e clamar pela restauração da Santa Missa, da Liturgia.

Ludgero Bernardes