«Acautelai-vos dos homens...»[1] diz o Evangelho.
Quem são estes homens?
Penso que o Papa Bento XVI responde a isso: «Pensar segundo o mundo significa pôr Deus de lado»[2]
Pois são estes os homens que pensam segundo mundo, que nos devemos acautelar. Hoje o mundo está cheio destes homens na politica, no direito, na economia e, infelizmente, também na teologia.
São estes homens que expulsam Deus do Direito e, com isso, são aprovadas leis contra Deus. Consequentemente estas leis viram-se contra o próprio homem como o aborto, a eutanásia, o homossexualismo, a droga, etc.
É este Direito, sem Deus, que projecta uma sociedade fora de Deus e até contra Deus. Uma sociedade formatada no relativismo e no ateísmo.
Da economia sem Deus eles fazem do mundo o fim da vida e, com isso, a mensagem destes homens que pensam segundo o mundo, é que o prazer e o gozo máximo da vida é o fim último. A consequência desta economia, sem Deus, é também ela contra o homem pois formata o homem no egoísmo e no individualismo em que o EU se sobrepõe à comunidade. A comunhão não existe, mas apenas o meu eu comigo mesmo e nada mais. Não há partilha para o outro, mas para a auto-estima do meu eu.
A caridade é totalmente ausente já que ela se refere a Deus e, por isso, a unidade, a comunhão, a partilha são estranhos. Existe a solidariedade não por amor ao outro, mas como elogio ao homem, como vaidade do homem, como grandeza do meu eu.
Pensar a politica segundo o mundo é servir-se da comunidade para o meu eu. É usar a mesma para a projecção do meu eu, para enaltecer a minha vaidade e a minha soberba.
Estes são homens que fazem todo o tipo de actos obscuros e ocultos para atingir determinados fins, não olhando às consequências para a comunidade desde que isso os ajude e lance na onda da fama, da bajulação, do poder e da riqueza.
Estes homens são tenebrosos porque o fim são eles, por isso são capazes das mais insidiosas e pérfidas acções para conseguirem os seus objectivos. Como o mundo é o fim de tudo, julgam que com a morte tudo acaba e nada se conhece.
Da mesma forma existe, infelizmente, na teologia quem também pense segundo o mundo. E são de vários quadrantes, bispos, padres, leigos, teólogos, professores de teologia, religiosos, etc.
Estes são os que tentam «reduzir o cristianismo a uma sabedoria humana, como se fosse a ciência do bom viver»[3].
São homens da Igreja que estão no mundo e são do mundo, por isso a teologia deles, a praxis deles é pensamento do mundo. A consequência é uma igreja de mornos. No fundo é uma igreja do mundo.
Todos estes homens têm algo em comum: estão em lugares de poder, de decisão. Por isso podem perseguir, reprimir, dificultar, obstaculizar e ostracizar todos os que não são como eles: estão no mundo e são do mundo e pensam como o mundo.
Estes que recebem o pensamento do mundo e, com ele, toda a espécie de homens desse pensamento receberão também, no Juízo Final, a recompensa desse pensamento do mundo[4].
Mas o Senhor sobre esses homens diz-nos «Não os temais, porque nada há encoberto que não se venha a descobrir, nem oculto que não venha a saber-se».[5]
"Não os temais" porque Deus é o Senhor. As suas acções, os seus planos, as suas artimanhas, tudo será do conhecimento geral. No dia do Juízo haverá tremendas surpresas, jamais pensadas e imaginadas. O encoberto e o oculto será conhecido e causará suprema surpresa.
Já que não os devemos temer, então não devemos ter medo de pregar segundo o pensamento de Cristo. Devemos dizer às claras o que Jesus ensinou, devemos pregar bem alto a praxis de Cristo.[6]
O nosso vigiar passa por acautelar-nos destes homens que nos tentarão seduzir para o pensamento do mundo. Esta deverá ser a nossa vigilância. Muitos se deixaram seduzir e hoje são ministros do mundo com aparência de ministros de Deus.
Orar será a nossa conduta pois por ela nos preservamos destes homens e também podemos acordá-los para a luz, para a verdade e, com isso, salvar as suas almas. Ao conseguirmos isso, venceremos o mundo tal como Cristo venceu.
Autor: Lud Berr
[1] Mt. 10, 17
[2] Cfr. BENTO XVI, Alocução mariana do ‘Angelus’ (28-08-2011: http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/angelus/2011/documents/hf_ben-xvi_ang_20110828_po.html
[3] Cfr.João Paulo II, “Pastores Dabo Vobis”, nº.7, Editora Rei dos Livros, 1992.
[4] Mat 10, 41.
[5] Mat 10, 26.
[6] Mat 10, 27.
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