quarta-feira, 27 de maio de 2015

D. Afonso Henriques e o nascimento de Portugal

D. Afonso Henriques
e o nascimento de Portugal
Quando nos debruçamos sobre a história de Portugal logo somos assaltados por um interessante paradoxo: como pôde um país tão pequeno em extensão territorial realizar uma epopeia — navegações, descobrimentos, conquistas, feitos missionários — de tão grande monta?
A história do nascimento dessa nação traz um pouco de luz para a solução do intrigante problema. Com efeito, Deus Nosso Senhor, tal como fez com o povo eleito do Antigo Testamento, escolheu Portugal para intervir na História, a seu modo preparando “um Império” por cujo meio seu nome seria “publicado entre as nações mais estranhas”.
Antecedentes
Os visigodos arianos, expulsos da França pela acção de Clóvis,(1) penetraram na Península Ibérica, ali encontrando os suevos, povo pagão instalado naquelas terras. O longo trabalho da Igreja, aliado à influência de povos já convertidos, vai entretanto dobrando aos poucos a dura cerviz dos “bárbaros”. Por volta de 560, conforme narra o historiador luso João Ameal, “o povo suevo se converte à verdadeira religião, graças a São Martinho de Dume. Em Braga se celebra (em 561) um concílio para festejar a conversão. Cria-se o rito bracarense — e a metrópole sueva torna-se, como então foi dito, a Roma das Espanhas”.(2) Ainda algumas disputas com os arianos e, no III Concílio de Toledo em 589, os monarcas e bispos hereges acabam por abjurar a heresia.
Entretanto, agiganta-se outro inimigo da Cristandade nascente. O império maometano assenhora-se do norte da África e fica à espreita da ocasião para invadir a Europa divida. Esta ocasião não tarda. “Apesar dos benefícios resultantes da unificação cristã e da obra moralizadora e organizadora dos Concílios, apesar de uma cultura já brilhante, a sociedade visigoda não se sustenta”,(3) corroída que está por poderosas toxinas (restos do partido ariano, chefes locais e grupos disseminadores de insatisfação). Em 710, brigas sucessórias entre os visigodos acabam por abrir as portas aos mouros, que acorrem em grande número. Sua marcha só é tolhida por Carlos Martel, já em território franco.
A presença moura logo se consolida. Forma-se no território ibérico um “xadrez movediço”, dadas as incessantes disputas entre os próprios muçulmanos, as conquistas e derrotas dos visigodos, e a resignação dos chamados mosárabes.(4)
Cerca de cinco séculos vão se passar num convívio, ora pacífico, ora sangrento, entre invasores e cristãos. Mas não sem que o desejo da reconquista impulsione os verdadeiros cavaleiros. Afonso VI de Leão, no século XI, desponta como líder da insurreição, disposto a responder à altura à insolência dos príncipes árabes.
A Igreja, entretanto, encontra-se em crise. Mas a ação da Providência não tarda. E os beneditinos de Cluny, com sua rede de mosteiros que vão se difundindo por toda a França, tornam-se o centro da reforma.
É a esse ramo beneditino que Afonso VI recorre, em um momento culminante na luta contra os mouros. E o abade Hugo, que naquela ocasião governava Cluny, não o decepciona. Intervindo junto a Filipe I da França, consegue reforços, pondo em marcha um valoroso grupo de cavaleiros franceses.
Vitorioso, D. Afonso VI retribui aos cavaleiros concedendo-lhes territórios e a mão de suas filhas. Uma delas – Da. Tereza – desposa D. Henrique de Borgonha, que recebe, além disso, o senhorio sobre uma região localizada entre os rios Minho e Tejo, no extremo oeste da Península. Em 1097, D. Henrique usa já o expressivo título de “Conde portucalense”.
Com esses casamentos D. Afonso VI consegue descentralizar o poderio militar de seu império, favorecendo a resistência a um inimigo que ataca inopinadamente em todas as frentes. Tal descentralização ocasionará, mais à frente, o desmembramento de seu império.
Morrendo D. Afonso VI, D. Henrique vê a oportunidade de emancipação de seu Condado. Vários factores levam à formação do que João Ameal chama de “uma nacionalidade em potência”: “Todos os factores cujo esquemático panorama acaba de ser enumerado — hipotéticas diferenciações geográficas, étnicas e linguísticas, singularidade de um destino marcadamente oceânico, intenso comércio marítimo com as populações nórdicas, superiores desígnios pontifícios para a arrumação da Península, ascendente benéfico de Cluny, justificáveis ambições pessoais de D. Henrique, antiga e persistente aspiração dos senhores de entre-Douro-e-Minho à conquista da autonomia — se conjugam para apresentar aqui, nos inícios do séc. XII, o que será justo chamar: uma nacionalidade em potência”.(5)
Dom Afonso Henriques
No entanto, D. Henrique — cujo nome “é o primeiro a gravar-se nos anais da conquista da independência portuguesa” — morre sem conseguir realizar suas aspirações.
Seu filho Afonso, sem embargo, vai se mostrando desde pequeno propenso a realizá-las. E os melhores vultos da nobreza — entre os quais o mítico Gonçalo Mendes, o Lidador — põem nele suas esperanças. Ainda muito jovem, sai vencedor na Batalha de São Mamede, o que lhe assegura a soberania sobre seus territórios frente às pretensões dos reinos vizinhos e de facçõesinternas.
As relações com o governo leonês deixam de ser vassalo-senhor. Mostrando seus propósitos de emancipação, D. Afonso vai ao mesmo tempo consolidando a estrutura de seus domínios. Favorece a estabilização do poder eclesiástico nas mãos do arcebispo de Braga e trabalha em prol de boas relações com a Santa Sé.
O “Fundador dos Impérios”
Os árabes agitam-se novamente, fazendo incursões e derrotando os portucalenses. D. Afonso assina um acordo de paz com o imperador de toda a Hispania (Afonso VII de Leão e Castela), assegurando a estabilidade em uma de suas frentes. Para barrar o mouro invasor, intui que é preciso causar terror em seu meio. Aproveitando-se de uma crise dinástica entre Almorávidas e Almôhadas, penetra em território dominado por eles para dar batalha.
O número dos inimigos, entretanto, começa a esmorecer a coragem dos portucalenses. Assim narra o próprio D. Afonso: “Eu estava com meu exército nas terras de Alentejo no Campo de Ourique para dar batalha a Ismael, e outros quatro reis mouros, que tinham consigo infinitos milhares de homens; e minha gente, temerosa de sua multidão, estava atribulada, e triste sobremaneira, em tanto que publicamente diziam alguns seria temeridade acometer tal jornada. E eu, enfadado do que ouvia, comecei a cuidar comigo o que faria”.(6)
No meio dessa preocupação, D. Afonso entra em sua tenda, toma a Sagrada Escritura, abre-a justamente na narrativa da vitória de Gedeão, e dirige em seguida uma prece a Deus: “Mui bem sabeis Vós, Senhor Jesus Cristo, que por amor vosso tomei sobre mim esta guerra contra os blasfemadores de vosso nome”. Cansado, adormece e, em sonho, vê um ancião que vem até ele, prometendo-lhe a vitória. Seu camareiro logo o desperta, apresentando o mesmo ancião que vira no sonho, o qual lhe dirige a mesma promessa de vitória, acrescentando que Nosso Senhor queria comunicar-lhe uma mensagem.
D. Afonso obedece às ordens daquele homem de Deus, dirigindo-se ao local determinado. “Vi de repente no próprio raio resplandecente o sinal da Cruz, mais resplandecente que o Sol, e
Jesus Cristo crucificado nela. Lancei-me por terra e, desfeito em lágrimas, comecei a rogar pela consolação de meus vassalos, e disse sem nenhum temor: ‘A que fim me apareceis, Senhor? Quereis por ventura acrescentar fé a quem tem tanta? Melhor é por certo que vos vejam os inimigos, e creiam em vós, que eu, que desde a fonte do Baptismo vos conheci por Deus verdadeiro, Filho da Virgem, e do Padre Eterno, e assim vos conheço agora’. O Senhor, com um tom de voz suave, que meus ouvidos indignos ouviram, me disse: ‘Não te apareci deste modo para acrescentar tua fé, mas para fortalecer teu coração neste conflito, e fundar os princípios de teu Reino sobre pedra firme. Confia, Afonso, porque não só vencerás esta batalha, mas todas as outras, em que pelejares contra os inimigos da minha Cruz. Acharás tua gente alegre, e esforçada para a peleja, e te pedirá que entres na batalha com o título de Rei. Não ponhas dúvida; mas tudo quanto te pedirem lhe concede facilmente. Eu sou o fundador, e destruidor dos Reinos, e Impérios; e quero em ti, e teus descendentes, fundar para mim um Império, por cujo meio seja meu nome publicado entre as nações mais estranhas’. ‘Por que méritos, Senhor, me mostrais tão grande misericórdia? Ponde vossos benignos olhos nos Sucessores, que me prometeis, e guardai salva a gente portuguesa’. ‘Não se apartará deles, nem de ti, nunca, minha misericórdia, porque por sua via tenho aparelhadas grandes searas, e a eles escolhidos por meus segadores em terras mui remotas’. Dito isto, desapareceu”.
Confortado por essas palavras, D. Afonso volta para o acampamento. No brilho dos seus olhos, e no vigor de sua expressão, seus cavaleiros encontram ânimo para dar batalha aos infiéis.(7)

terça-feira, 19 de maio de 2015

QUANDO O POLICIA É INSEGURANÇA E DESCONFIANÇA

QUANDO O POLICIA
É INSEGURANÇA E DESCONFIANÇA

No dia 17/05/2015, em Guimarães, o Subcomissário, comandante da PSP de Guimarães, prestou um mau serviço à PSP e também à população. As imagens são evidentes.

Espera-se que o polícia seja um homem ponderado e não de fácil movimento impulsivo, violento e repentino. Nas imagens mostra um homem cheio de raiva e violento, que nem a presença das crianças o fazem ponderar e temperar a sua acção.

Verificamos ainda que o agredido foi constituído arguido constando do auto que o mesmo cuspiu na face e rasgou a farda. As imagens desmentem.

Em que medida este polícia presta um péssimo serviço à própria Policia e às pessoas?

Perante as imagens às pessoas ficam com a ideia de que estão sujeitas a arbitrariedade e aos humores do polícia, e não a sensatez e a ponderação do mesmo. Por outro, sabendo a justificação do auto, também passa para a sociedade de que a polícia não usa a verdade como esclarecimento dos factos, mas a mentira para encobrimento dos mesmos.

O subcomissário prestou um péssimo serviço à Polícia e às pessoas, pois transmitiu um sentimento de desconfiança e de insegurança face a PSP.

Como repor a confiança e a segurança às pessoas e até a própria PSP? É evidente que o subcomissário tem de ser punido exemplarmente e que tal medida seja do conhecimento público, mas que esta punição não seja, também, sentida uma desautorização a PSP, mas pelo contrário um estímulo.

19/05/2015
Luber









quinta-feira, 14 de maio de 2015

PASSOS COELHO E A CRISE

PASSOS COELHO E A CRISE

A máfia do partido socialista, braço civil na sociedade, por excelência, da Maçonaria, levou, pela terceira vez vez, Portugal a bancarrota, desta vez pela mão do mercenário de serviço, José Sócrates. Aliás desde a implementação da república, imposta pela Maçonaria a Portugal, que o país ficou sequestrado por este bando de malfeitores, ao ponto de terem mudado a bandeira nacional pela sua bandeira, qual piratas que quando tomam um navio hasteiam a “Jolly Roger”.
Face a mais uma tragédia, surge outro mercenário, Passos Coelho. Este da mesma escola do outro, mostrou-se especialista na arte da mentira política, varrendo qualquer resquício de pudor, escrúpulo ou reserva de verdade. Isto é, qual irmão gémeo de José Sócrates, mas com outra roupagem.
Passos Coelho, como bom aluno de “Niccolò Machiavelli, exercitou na perfeição “os fins justificam os meios” (quaisquer meios que funcionem), e também “os meios justificam os fins” para ter sucesso. Isto é, ser eleito. E teve sucesso, pois hoje é Primeiro-Ministro.

Para todos os pensadores sociais, antes da Modernidade, a meta da vida política era a virtude: uma sociedade boa era aquela em que as pessoas fossem boas. Não havia “dois pesos e duas medidas” para a bondade, um no âmbito da vida individual, outro no da vida social. Isto até Maquiavel. A partir dele, a Política deixou de ser a arte do bem viver em sociedade para tornar-se “a arte do possível”, “a arte do sucesso”. Todos os filósofos políticos e sociais da Modernidade, da nossa actual civilização, têm influência de Maquiavel: Hobbes, Locke, Rousseau, Stuart Mill, Kant, Hegel, Marx, Nietzsche, Dewey. A filosofia destes passa a defender os princípios de Maquiavel que é rejeitar o ideal da virtude e a rebaixar o padrão da moralidade, levando a supressão da mesma.
Maquiavel dizia que a moral dificulta o sucesso. Por isso é necessário “aprender a não ser bom” (O Príncipe, cap. 15), a quebrar as promessas feitas, a mentir, a trapacear e a roubar (cfr. cap. 18) para ser bem-sucedido.
Passos Coelho quebrou todas as promessas feitas, mentiu com todos os dentes que tem na boca, trapaceou e roubou a boa-fé dos portugueses e, com isso, teve sucesso. Hoje é Primeiro-ministro. Será o seu governo legítimo? Não, não é legítimo. Porque não é legítimo? Porque a eleição do mesmo foi na base de um coro de mentiras. O Presidente da República devia ter demitido Passos Coelho, pois simplesmente enganou o povo. Porque não o fez? Simples… porque é da mesma escola e da mesma casa. Aliás, os Presidentes da República são sempre presidentes da claque, nunca do país.
Chagado ao fim da legislatura a pergunta que se impõe é: Passos Coelho governou bem? A resposta é simples e clara: NÃO. Passos Coelho nunca governou para o povo, para as pessoas, mas para aqueles que foram a causa da crise: políticos, banqueiros e empresários que vivem à conta do orçamento de Estado.

Noam Chomsky sobre se Portugal lidou bem com a crise o mesmo afirmou que crê que “está a cometer um erro sério, porque os programas de austeridade são absolutamente destrutivos e que nem do ponto de vista da economia fazem sentido. Até os economistas do FMI reconhecem isso. E estão a destruir a conquista mais importante do pós-guerra, o estado social. Nos resgastes o dinheiro foi quase todo para os bancos. O problema foi das instituições financeiras e dos bancos e as populações é que pagaram. O único país que que actuou racionalmente foi a Islândia e teve êxito. Disse que não pagava (suspendeu os pagamentos aos credores internacionais) para grande fúria dos bancos alemães” (revista “Visão” nº.1158, 14 a 20/05/2015, pag.20).
Foi este o trabalho mercenário de Passos Coelho, garantir que os bancos alemães recebessem o dinheiro. E porque Passos Coelho prefere levar o povo à miséria para garantir que os bancos alemães recebam o dinheiro? Pela mesma razão acima já exposta: sucesso. Passos Coelho não está preocupado com o país, mas com o sucesso do seu futuro. Por esta razão o mesmo faz tudo para agradar aos banqueiros internacionais a fim de que estes possam assegurar o seu futuro, num cargo importante e bem remunerado.