sexta-feira, 22 de julho de 2011

REFERENDO NA IGREJA CATÓLICA

QUE TAL UM REFERENDO NA IGREJA CATÓLICA
SOBRE O CELIBATO OU MULHERES PADRES
Um tema sempre actual, mas já decidido definitivamente pela Igreja. Contudo, há sempre quem queira lançar areia nos olhos e, com isso, criar confusão no povo de Deus.
 No boletim “Espiral”, nº.34 – Janeiro/Março 2009, está um artigo com o título “Que tal um referendo na Igreja Católica sobre Celibato ou mulheres padres”, assinado por Serafim de Sousa.
Neste tipo de "artigos" há uma conscîência errada de Igreja, que infelizmente alguns bispos e padres também partilham. Esta consciência apresenta o argumento de que é igreja e, como tal, pode fazer doutrina. Ela enferma de um tremendo lapso. De facto ela é igreja, mas não é A Igreja. Isso faz toda a diferença.
Quantos militantes desta consciência para se defender dos que seguem o Magistério os acusam de fundamentalismo, sem contudo especificarem onde existe o mesmo. Chutam o termo fundamentalismo para o ar com a intenção de condicionar e intimidar a pessoa. Na verdade não o conseguem quando a pessoa está solidamente fundamentada no Magistério da Igreja, e isso os irrita e desarma. Porquê? Porque se o que a pessoa está a dizer é o ensino do Magistério, da Bíblia e da Tradição, então estão a chamar fundamentalismo a própria Igreja, Bíblia e Tradição.
Na verdade ou aceita-se ou nega-se o que a Igreja ensina. Não há nada de novo.
O que sempre aconteceu em todos os tempos, na vida da Igreja, foi a existência daqueles que qurem impor o seu ponto de vista, recusando a fé da Igreja. Nos tempos actuais também existem este tipo de pessoas.
O artigo, acima referido, é exemplo deste tipo de gente que sempre existiu como joio no meio do trigo.
“A sagrada Tradição e a Sagrada Escritura constituem um só depósito sagrado da palavra de Deus, confiado à Igreja; aderindo a este, todo o Povo santo persevera unido aos seus pastores na doutrina dos Apóstolos e na comunhão, na fracção do pão e na oração, de tal modo que, na conservação, actuação e profissão da fé transmitida, haja uma especial concordância dos pastores e dos fiéis. Porém, o encargo de interpretar autenticamente a palavra de Deus escrita ou contida na Tradição, foi confiado só ao magistério vivo da Igreja, cuja autoridade é exercida em nome de Jesus Cristo. Este magistério não está acima da palavra de Deus, mas sim ao seu serviço, ensinando apenas o que foi transmitido, enquanto, por mandato divino e com a assistência do Espírito Santo, a ouve piamente, a guarda religiosamente e a expõe fielmente, haurindo deste depósito único da fé tudo quanto propõe à fé como divinamente revelado. É claro, portanto, que a sagrada Tradição, a sagrada Escritura e o magistério da Igreja, segundo o sapientíssimo desígnio de Deus, de tal maneira se unem e se associam que um sem os outros não se mantém, e todos juntos, cada um a seu modo, sob a acção do mesmo Espírito Santo, contribuem eficazmente para a salvação das almas” (CONC. ECUM. VATICANO II, Const. dogm. «Dei Verbum», 18-11-1965, n. 10: http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19651118_dei-verbum_po.html). Porém, há quem queira que a Palavra de Deus esteja ao serviço do que dá mais jeito, das modas dos tempos e seja interpretada conforme o pensamento do mundo que é mutável, corrupto e falível.
Por isso ouvimos frequentemente afirmações tão abusardas e contraditórias como estas: «Respeito e sempre respeitarei a hierarquia eclesiástica, mas tenho a minha opinião e continuarei a ser um crítico construtivo, mesmo na defesa do sacerdócio das mulheres».
Nós vemos este tipo de posição não só em leigos, como também em bispos e padres.
Na verdade ter uma opinião pessoal toda a gente tem e isso é perfeitamente normal. Mas ter uma opinião – que é tornada pública num boletim católico, num púlpito, na catequese, etc – em discordância total com o ensino oficial e irreformável da Igreja Católica, em matéria de fé, isso é grave, porque quem afirma o erro de fé de que o sacerdócio ministerial possa ser conferido às mulheres, daqui a pouco também afirma o erro da negação do Inferno, o erro da negação da ressurreição histórica de Jesus, o erro da negação da presença real e substancial de Jesus na Santíssima Eucaristia, o erro da licitude do aborto, o erro da licitude da masturbação, etc., etc. É que a questão do sacerdócio ministerial das mulheres já não é uma questão de matéria opinável. Deixou de ser opinião. É matéria de fé! Porquê? Porque pertence ao depósito da fé. Não é matéria de disciplina, que é reformável. Um exemplo. Se dois mais dois são quatro – e isso é verdade dogmática ou dogma na Matemática – , porque é que eu, em nome do direito da opinião, irei dizer que são cinco ou seis, quando não é? Isto tem um nome, ou melhor, tem dois: nescidade e contumácia. 
Mas apesar disso há ainda quem firme mais no cisma e fique "chateado" porque o Magistério da Igreja publicou o Catecismo e o Direito Canónico e outros escritos dos Santos Padres. Acham eles que os Papas não são os donos da Igreja, são apenas e só os mais responsáveis servidores, mas os outros também devem ter opinião.
Temos aqui, novamente, a mesma ideia que está subjacente ao movimento "Nós somos Igreja". Esta afirmação está meia correcta e, por estar apenas meia, ela é mais perniciosa que o próprio erro. Na verdade sendo igreja não somos a Igreja.
É certo que os Papas não são os donos ABSOLUTOS da Igreja. Mas são donos, em sentido relativo. Ser «dono», segundo a etimologia, é ser «senhor», porque a palavra «dono» provém do termo latino «dominus» que significa, em português, «senhor»; e daí a abreviatura «Dom» de «dominus»: p. ex., Dom Manuel; Dom João, etc., que significa «Senhor Manuel; Senhor João (cfr. http://ciberduvidas.pt/pergunta.php?id=22808; cfr. ainda http://ciberduvidas.pt/pergunta.php?id=26353). De facto, os Papas não são donos ABSOLUTOS da Igreja (isso só Jesus, o divino Fundador): mas são donos relativos, porque o Romano Pontífice, em virtude de ser a cabeça do Colégio dos Bispos, goza, na Igreja, de poder supremo, pleno, imediato e universal, como afirma o «Código de Direito Canónico»: 
“O Bispo da Igreja de Roma, no qual perdura o múnus concedido pelo Senhor singularmente a Pedro, primeiro dos Apóstolos, para ser transmitido aos seus sucessores, é a cabeça do Colégio dos Bispos, Vigário de Cristo e aqui na terra Pastor da Igreja universal; ele, pois, em virtude de seu múnus, tem na Igreja o poder ordinário, supremo, pleno, imediato e universal, que pode sempre exercer livremente” (Código de Direito Canónico, 25-01-1983, cân. 331: http://rosabiblica.com/M%20D%20CONSTITUICAO%20HIERARQUICA%20DA%20IGREJA.htm; cfr. ainda: http://www.vatican.va/archive/cod-iuris-canonici/latin/documents/cic_liberII_lt.html#SECTIO_I).

Ainda o mesmo Código diz: 
“O Romano Pontífice, em virtude de seu múnus, não só tem poder sobre a Igreja universal, mas obtém ainda a primazia do poder ordinário sobre todas as Igrejas particulares e entidades que as congregam, pelo qual é, ao mesmo tempo, reforçado e defendido o poder próprio, ordinário e imediato que os Bispos têm sobre as Igrejas particulares confiadas a seu cuidado” (Ibidem, cân. 333 § 1).
E ainda:
Contra uma sentença ou decreto do Romano Pontífice, não há apelação, nem recurso” (Ibidem, § 3).
Por conseguinte, o Papa possui domínio sobre toda a Igreja; ele é, neste sentido, dono da Igreja, que lhe foi confiada por Deus no momento da sua aceitação à eleição realizada pelos Cardeais.
Portanto aquela afirmação de que “os Papas não são os donos da Igreja, são apenas e só os mais responsáveis servidores”, como acabámos de ver, são donos, sim, mas também são servos da mesma Igreja, isto é, servem a Igreja. Mas os Papas servem-na como agentes activos de magistério, em virtude de uma assistência especial do Espírito Santo que só e unicamente lhes é conferida por Deus. Eu e todos nós, que não somos Papa, não temos essa especial assistência do Espírito Santo! Mas o Papa tem! Porquê? Porque a Igreja é de Jesus, que a quer proteger das insídias do erro em matéria de fé e de costumes e até, em certo sentido, em matéria de disciplina, como Ele disse a São Pedro, o primeiro Papa: “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha igreja, e as portas do Inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18). Por mais graves heresias, cruéis perseguições e, no mundo moderno, por mais laxismo e subjectivismo que exista na Igreja Católica, ela continua e continuará até ao fim do mundo. Porquê? Porque quem guia a Igreja é Jesus, assistindo o Papa com o Seu Espírito.
Por isso, equivam-se todos aqueles que afirmam que os Papas “São apenas e só os mais responsáveis servidores”. Ora, o Papa não é apenas e só os mais responsáveis servidores. O Papa é sujeito activo de Magistério, em virtude da especial assistência do Espírito Santo que lhe é dada. Diz o Concílio Vaticano II: 
“As suas [do Papa] definições com razão se dizem irreformáveis por si mesmas e não pelo consenso da Igreja, pois foram pronunciadas sob a assistência do Espírito Santo, que lhe foi prometida na pessoa de S. Pedro. Não precisam, por isso, de qualquer alheia aprovação, nem são susceptíveis de apelação a outro juízo. Pois, nesse caso, o Romano Pontífice não fala como pessoa privada, mas expõe ou defende a doutrina da fé católica como mestre supremo da Igreja universal, no qual reside de modo singular o carisma da infalibilidade da mesma Igreja” (CONC. ECUM. VATICANO II, Const. dogm. «Lumen gentium», 21-11-1964, n. 25: http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19641121_lumen-gentium_po.html). 
O «Código de Direito Canónico» e o «Catecismo da Igreja Católica» também apresentam esta magnífica doutrina estereotipada no Concílio Vaticano II: 
“Em virtude do seu cargo, o Sumo Pontífice goza de infalibilidade no magistério quando, como supremo pastor e doutor de todos os fiéis, a quem pertence confirmar na fé os seus irmãos, proclama por um acto definitivo que tem de ser aceite uma doutrina acerca da fé ou dos costumes” (Código de Direito Canónico, 25-01-1983, cân. 749, § 1: http://www.vatican.va/archive/ESL0020/__P2F.HTM; cfr. ainda Catecismo da Igreja Católica, 11-10-1992, n. 891: http://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p1s2cap3_683-1065_po.html).
 Mesmo perante toda esta fundamentação doutrinal do Magistério da Igreja há sempre quem volte a cismar e argumentar que nenhum padre ou bispo chamou o repreendeu.
Na verdade se eles não o repreendem não estão a ser amigos mas, pelo contrário, cúmplices do erro e, com isso, opositores do magistério.
O seu pastor das lamas não se constrói só com filantropias, gargalhadas, palmadinhas nas costas e cálices de vinho do Porto. Os verdadeiros amigos encaminham para Deus, para a verdade e para a única Igreja, porque só há um único Cristo. Com caridade, com bons modos, sem agressividade, sem orgulho ou altanaria, mas devem encaminhar. Porquê? Porque é um irmão em Cristo que não está bem e, por isso, precisa de ser ajudado, precisa de ser elucidado, precisa de ser esclarecido. Isto chama-se «correcção fraterna». Mas infelizmente muitos bispos hoje não fazem isto. Ouvem disparates e erros teológicos, lêem tolices, desatinos e desacertos teológicos em revistas e jornais e que fazem? Fecham-se como conchas de bivalves, como se nada se passasse. Deixam passar o barco, não dizendo nada. E isto é caridade pastoral? Eles foram ordenados para ensinar e santificar o povo de Deus. “Ai dos cães mudos”, já dizia o santo profeta Isaías (Is 56, 10), referindo-se aos culposos responsáveis. Os pastores deviam ser mesmo pastores e não mercenários, como disse Jesus: “O mercenário, e o que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê vir o lobo e abandona as ovelhas e foge e o lobo arrebata-as e espanta-as” (Jo 10, 12). E ainda: “Porque é mercenário e não lhe importam as ovelhas” (Jo 10, 13).  
Concluindo,  em questões de matéria de e costumes, consideradas infalíveis, não há opinião pessoal que deva ser sobreposta às verdades enunciadas. Há, sim, aceitação dessas verdades. “A verdade padece, mas não perece”, dizia a grande Santa Teresa d’Ávila (S.TERESA D’ÁVILA, Epistolário, carta 273 [03-05-1579], n. 26).  
É certo que toda a correcção, no momento em que é aplicada, não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; mais tarde, porém, produz um fruto de paz e de justiça nos que foram exercitados por ela” (Heb 12, 11).
Autor: O Pedro

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