quinta-feira, 25 de julho de 2013

SALVAÇÃO NACIONAL

Aqui há tempos o jornalista Miguel Sousa Tavares chamou ao Presidente da República palhaço.
Lembrei-me disto por causa da encenação com o título “Salvação Nacional”. O autor desta peça é Cavaco Silva e contratou uma companhia de actores para encenarem a mesma. Esta companhia é dona há 40 anos do palco do actual regime, que ironicamente se intitula democrático.
A companhia de actores é composta por dois irmãos gémeos mas para se distinguirem usam símbolos diferentes, sendo a diferença apenas uma letra e a cor. Se não fosse isso era impossível distinguir quem era quem. Estes irmãos gémeos são egoístas, mas para disfarçar esse egoísmo toleram outros desde que sejam sempre subalternos deles e que aceitem participar da encenação.
Montada a peça, a companhia de actores fez várias apresentações com o objectivo de apresentar ao público a plataforma de entendimento da “salvação Nacional”, sempre com o grande patrocínio do produtor, Cavaco Silva.
A Companhia, assim como o seu produtor, seguiram à risca a cartilha do mestre da ilusão, “O Príncipe” de Maquiavel para terem um grande sucesso.
O que diz a cartilha? Têm de ser mestres na arte de iludir, têm de ser grandes impostores e embusteiros. A mesma cartilha ensina que “as pessoas vêem aquilo que os governantes aparentam, mas poucos são os que chegam a ver o que eles são”.
Mais, a referida cartilha prossegue dizendo que o político deve ter aparência de virtuoso e honesto e deve evitar, a todo o custo, que ninguém se aperceba que não o é.
A “Salvação Nacional” foi a grande peça de teatro, de última hora, em que todos os políticos encenaram com mestria a preocupação com o país e com o povo, na verdade tudo não passou de um embuste bem encenado.
Para esta peça de teatro ter sucesso e convencer o público foram chamados os publicitários do regime, os comentadores, que fazem todos parte da Companhia de actores mas não podem mostrar que o são.
Estes fazedores de opinião têm a missão, dentro da Companhia de actores, de convencer o público de que a companhia é aceitável, é boa e séria. Seguem assim a mesma linha da cartilha: “iludir”.
Completo todo o quadro, então começa a peça e todos os actores entram em cena, sendo acompanhados pelos publicitários, nesta tourneé. O grande palco é o povo que assiste a este grande espectáculo da “Salvação Nacional”.
Tudo é feito com tão grande mestria de tal forma que o povo não consegue ver que tudo é um embuste e uma ilusão. O que ele consegue ver é apenas a aparência, eles são grandes actores, mestres em iludir. Pois, “as pessoas vêem aquilo que os governantes aparentam, mas poucos são os que chegam a ver o que eles são”.
O drama disto tudo consiste no facto de que vivemos, mais do que em qualquer outra época, a realidade de cegos (políticos) estarem a dirigir outros cegos (o povo). Tanto assim é que o povo é incapaz de votar fora da actual Companhia de actores.
Esta peça de teatro, esta encenação, realizada com mestria, serviu apenas e tão só para alimentar a cegueira. A verdade é que resultou, pois o povo mantém-se obediente.
Como já escrevi em outros escritos, tudo isto irá acabar numa dramática catástrofe com as proporções da cegueira.
Haverá quem veja neste cenário de trevas? Sim, há, mas não são levados em conta e, pelo contrário, são considerados loucos e anormais, tal como foi Noé e Moisés.

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