Aqui há tempos o
jornalista Miguel Sousa Tavares chamou ao Presidente da República palhaço.
Lembrei-me disto por causa
da encenação com o título “Salvação
Nacional”. O autor desta peça é Cavaco Silva e contratou uma companhia de
actores para encenarem a mesma. Esta companhia é dona há 40 anos do palco do
actual regime, que ironicamente se intitula democrático.
A companhia de actores é
composta por dois irmãos gémeos mas para se distinguirem usam símbolos
diferentes, sendo a diferença apenas uma letra e a cor. Se não fosse isso era
impossível distinguir quem era quem. Estes irmãos gémeos são egoístas, mas para
disfarçar esse egoísmo toleram outros desde que sejam sempre subalternos deles
e que aceitem participar da encenação.
Montada a peça, a
companhia de actores fez várias apresentações com o objectivo de apresentar ao
público a plataforma de entendimento da “salvação
Nacional”, sempre com o grande patrocínio do produtor, Cavaco Silva.
A Companhia, assim como o
seu produtor, seguiram à risca a cartilha do mestre da ilusão, “O Príncipe” de Maquiavel para terem um
grande sucesso.
O que diz a cartilha? Têm
de ser mestres na arte de iludir, têm de ser grandes impostores e embusteiros.
A mesma cartilha ensina que “as pessoas vêem aquilo que os governantes
aparentam, mas poucos são os que chegam a ver o que eles são”.
Mais, a referida cartilha
prossegue dizendo que o político deve ter aparência de virtuoso e honesto e
deve evitar, a todo o custo, que ninguém se aperceba que não o é.
A “Salvação Nacional” foi a grande peça de teatro, de última hora, em
que todos os políticos encenaram com mestria a preocupação com o país e com o
povo, na verdade tudo não passou de um embuste bem encenado.
Para esta peça de teatro
ter sucesso e convencer o público foram chamados os publicitários do regime, os
comentadores, que fazem todos parte da Companhia de actores mas não podem
mostrar que o são.
Estes fazedores de opinião
têm a missão, dentro da Companhia de actores, de convencer o público de que a
companhia é aceitável, é boa e séria. Seguem assim a mesma linha da cartilha:
“iludir”.
Completo todo o quadro,
então começa a peça e todos os actores entram em cena, sendo acompanhados pelos
publicitários, nesta tourneé. O grande palco é o povo que assiste a este grande
espectáculo da “Salvação Nacional”.
Tudo é feito com tão
grande mestria de tal forma que o povo não consegue ver que tudo é um embuste e
uma ilusão. O que ele consegue ver é apenas a aparência, eles são grandes
actores, mestres em iludir. Pois, “as pessoas vêem aquilo que os governantes
aparentam, mas poucos são os que chegam a ver o que eles são”.
O drama disto tudo
consiste no facto de que vivemos, mais do que em qualquer outra época, a
realidade de cegos (políticos) estarem a dirigir outros cegos (o povo). Tanto
assim é que o povo é incapaz de votar fora da actual Companhia de actores.
Esta peça de teatro, esta
encenação, realizada com mestria, serviu apenas e tão só para alimentar a
cegueira. A verdade é que resultou, pois o povo mantém-se obediente.
Como já escrevi em outros
escritos, tudo isto irá acabar numa dramática catástrofe com as proporções da
cegueira.
Haverá quem veja neste
cenário de trevas? Sim, há, mas não são levados em conta e, pelo contrário, são
considerados loucos e anormais, tal como foi Noé e Moisés.
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